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Vladimir Putin: 25 anos de poder sem fim à vista

Juri Rescheto
8 de agosto de 2024

Há 25 anos no poder, o Presidente russo, Vladimir Putin, não mostra sinais de que a sua carreira política esteja a chegar ao fim. Como consegue manter-se no topo?

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Vladimir Putin, Presidente da Rússia há 25 anos
Vladimir Putin, Presidente da Rússia há 25 anos, consolidou o poder, transformando o país numa "ditadura personalizada"Foto: Evgenia Novozhenina/REUTERS

Quando a chanceler alemã Angela Merkel encerrou a sua carreira política há três anos, foi proposta uma entrevista com o Presidente russo Vladimir Putin para um trabalho que incluiria outros líderes mundiais que trabalharam com Merkel. No entanto, o Kremlin recusou a entrevista, justificando que, ao contrário dos outros entrevistados que eram ex-líderes, Putin ainda estava no cargo e tal entrevista seria indigna para ele.

Em vez disso, a equipa conseguiu entrevistar Dmitri Medvedev, então primeiro-ministro, que foi presidente interino entre 2008 e 2012, enquanto Putin ocupava o cargo de primeiro-ministro devido a restrições constitucionais.

Vladimir Putin e Angela Merkel em 2006
Vladimir Putin e Angela Merkel em 2006Foto: Peer Grimm/ZB/picture alliance

Medvedev nunca foi verdadeiramente a figura principal da política russa. Desde 9 de agosto de 1999, quando foi nomeado primeiro-ministro pelo então Presidente Boris Yeltsin, Vladimir Putin tem sido a figura dominante na política russa. Durante estes 25 anos, Putin transformou a Rússia numa das "ditaduras mais personalizadas do mundo", segundo o cientista político russo Michail Komin.

Putin enfraqueceu sistematicamente todas as instituições políticas ao longo do seu mandato, começando pela eliminação da autonomia regional e estabelecendo representantes presidenciais nas regiões para controlar a política local. Este controle do Kremlin sobre os governadores e os empresários locais foi essencial para a centralização do poder.

O legado de Vladimir Putin

A repressão a qualquer oposição também foi uma constante durante o seu governo. Desde os protestos pós-eleitorais de 2011 até aos protestos em massa liderados por Alexei Navalny nos anos seguintes, cada manifestação de resistência foi seguida por repressões ainda mais severas.

"Em cada um desses eventos, novos opositores foram eliminados. Hoje, já não há ninguém que possa enfrentar Putin," afirma o politólogo Grigori Nishnikow.

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Outro pilar do seu domínio tem sido a manipulação do sistema judicial. Durante o seu segundo mandato, Putin reforçou os juízes leais ao governo, enfraquecendo ainda mais a independência dos tribunais.

"Ex-secretários judiciais tiveram frequentemente a oportunidade de se tornarem juízes. Perderam a independência e ficaram cada vez mais sob a influência da vertical do poder", explica Michail Komin.

Além disso, o sistema eleitoral foi repetidamente alterado para beneficiar Putin e o seu partido, "Rússia Unida", garantindo a sua continuidade no poder.

"Essas mudanças ocorreram várias vezes. Agora, o partido governante domina a cena política graças ao sistema de repressão da oposição, não pelos temas sociais que desempenharam um papel importante nos dois primeiros mandatos de Putin," destaca Komin.

Manipulação da memória histórica

Além das reformas políticas e repressões, Putin também manipulou a memória histórica da Rússia. A narrativa oficial foi ajustada para apresentar um passado glorioso e sem conflitos, eliminando quaisquer registros negativos.

"O galo dourado representa uma Rússia exclusivamente feliz, um país cheio de doçura, um país visto através de lentes cor-de-rosa", explica o sociólogo Alexander Bibkow, referindo-se à imagem romantizada que é promovida sob o governo de Putin.

A ocultação de arquivos do KGB é um exemplo dessa manipulação, reforçando a imagem de um líder que traz estabilidade e prosperidade.

Especialistas acreditam que Putin permanecerá no poder enquanto sua saúde permitir, devido à ausência de candidatos alternativos e ao medo generalizado de mudanças entre os russos. A estabilidade atual é vista como preferível a possíveis incertezas futuras, mantendo Putin no poder indeterminadamente.

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