Viagem a partir de Agadez
Todas as semanas, milhares de pessoas atravessam o deserto do Sahel rumo à Europa. A meio da viagem, muitos param em Agadez, a maior cidade do centro do Níger.
Sala de espera
Vêm do Benim e estão cansados. Num centro para refugiados, em Agadez, estes homens aproveitam para dormir. Eles aguardam o transporte que os levará ao norte do continente africano, passando pelo deserto e pela fronteira com a Líbia, até chegar ao Mar Mediterrâneo. Destino final: Europa.
A cidade dos guetos
Agadez serve de sala de espera aos refugiados da África Ocidental. Migrantes da Nigéria, Senegal, Gana ou Mali vivem nos cerca de 70 guetos que existem por aqui, separados geralmente por país de origem. Estima-se que, em 2015, cem mil refugiados atravessaram o Níger a caminho do norte.
À entrada do cemitério
"O deserto foi sempre um cemitério para migrantes", diz Rhissa Feltou, edil da cidade localizada no centro da região do Sahel. Ele ouve frequentemente as histórias dos viajantes sobre cadáveres à beira da estrada ou esqueletos encontrados na areia. O tráfico de pessoas é uma importante fonte de rendimento por aqui. A cidade já quase não tem turistas.
Pedir proteção divina
Antes de seguir viagem, muitos buscam a benção de um imã numa das mesquitas de Agadez. Os viajantes não são só ameaçados pelo calor e areia, mas também pelos ladrões e radicais islâmicos estacionados no deserto.
Coragem e desespero
"É assustador", diz Fousseni Ismael, de 16 anos. "Mas tenho de vencer o medo. Na vida, precisamos de ser corajosos." O jovem do Benim pretendia seguir viagem pelo deserto, a bordo de uma carrinha, nessa noite.
Seguir em frente, apesar de tudo
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), morrem tantas pessoas na travessia do deserto, a caminho do norte do continente, como no Mar Mediterrâneo, rumo à Europa. Na mochila, estes homens do Benim levam apenas o essencial. Às vezes, os migrantes levam anos a chegar à Europa.
Água para três dias
Ao todo, 19 homens partilham o espaço nesta pequena carrinha. A viagem até ao sul da Líbia dura três dias. Para evitar que a água para beber evapore, os recipientes são protegidos com sacos molhados. Os "passadores", na cabine do veículo, arriscam até 30 anos de prisão. Pelo menos é o que estipula uma nova lei, instituída sob pressão da União Europeia.
Falta de segurança e corrupção
Alguns polícias tiram proveito do transporte de pessoas pelo deserto. Muitas vezes, os veículos são parados e os refugiados chantageados e roubados. Mais arriscado ainda é para quem se senta na beira dos carros. Os homens seguram-se apenas em pedaços de madeira fixados ao veículo. Cair no meio do deserto seria morte certa. E isso muito antes de alcançar o Mar Mediterrâneo.