Vendedoras ambulantes na mira das autoridades de Angola
30 de outubro de 2013A venda ambulante em Luanda é uma atividade informal que emprega uma boa parte de populares. O caso de dona Maria João. Há dois anos que os dias começam com o negócio que leva à cabeça, rumo a uma das pontes pedonais do município de Viana, em Luanda. É aqui que vende os seus produtos. Maria João explica que não está no mercado por razões de ordem financeira: “Um lugar custa dez ou vinte mil (kwanzas) e eu não tenho como pagar”.
Várias pontes pedonais foram construídas em Luanda para facilitar a travessia de peões, de modo a reduzir o número de atropelamentos. Tal como Maria João, muitas outras zungueiras, como Manuela António, Suzana Inês e Idalina Carvalho escolhem estes espaços altos e estreitos para vender bens diversos. O motivo é simples, dizem: a falta de lugares nos mercados: “Fui ao (mercado do) Trinta, mas não tem espaço”, diz uma delas. “Por isso é que há muita gente a vender aqui na ponte”, remata.
O risco de ver confiscados os produtos de venda
Porém, nos mercados do Trinta e da Fapa, na zona da estalagem, o que não falta é espaço para as vendedoras. É, pelo menos, o que afirma o administrador do mercado do Trinta, António Domingos: “O mercado do Trinta tinha 6640 vendedores. Neste momento baixou para três mil e tal. Se formos a ver, temos muito espaço”. E António Massaki, responsável pela praça da Fapa, realça: “Contamos com 1700 lugares, mas só temos aqui 45 vendedores”.
E porque as vendedoras ambulantes preferem as ruas de Luanda aos mercados, passam por muitas peripécias, entre as quais verem os seus artigos confiscados pelos agentes da fiscalização. As zungueiras descrevem assim o seu dia a dia: “Aqui é só corrida, corremos daqui para o super(mercado) e depois para ali para baixo e depois damos outra corrida de novo”. A companheira acrescenta: “Já me confiscaram os produtos três vezes”.
As autoridades apertam o cerco
A venda de artigos nas pontes acaba também por causar inúmeros transtornos aos peões e às empresas encarregues da limpeza do local. Alice Simão é empregada de limpeza e sabe do que fala: “Não temos como trabalhar. Quando pedimos licença começam a gritar connosco”.
Segundo o porta-voz da direção de fiscalização de Luanda, João Ngunza, há já um trabalho a ser feito para que as zungueiras com pelo menos três reincidências sejam responsabilizadas. Neste momento 15 processos estão prontos e a ser encaminhados para o tribunal provincial de Luanda. As autoridades apelam ainda para a participação de todos no combate a este fenómeno que em nada contribui para a boa imagem na capital.