UNITA exige divulgação de acordos com a China
17 de junho de 2015A posição da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição em Angola, foi tornada pública esta terça-feira (16.06) através de um comunicado enviado pelo secretariado executivo do comité permanente, que não poupou criticas ao Governo. Em declarações à DW África, o secretário-geral da UNITA, Vitorino Nhany, enfatizou que considerando os princípios democráticos, da boa governação e da transparência, o Presidente da República devia consultar o parlamento antes de celebrar os acordos.
"Angola, como um Estado democrático e de direito, tem de observar a separação dos poderes. Como nós sabemos que o poder equilibra o poder, o Presidente da República nada pode fazer sem consultar o poder legislativo. E a população, que é a dona do poder político, precisa de informação para saber quais são as políticas que estão a ser conduzidas pelo partido que neste preciso momento sustenta o governo."
A maior preocupação do partido na oposição são os acordos estabelecidos com a China, oficialmente designados de caráter confidencial. Um pormenor, que para o dirigente da UNITA, é bastante revelador.
"É aí que está o problema," diz Vitorino Nhany. "Como é que pode ser um acordo confidencial se vai engajar o país? Se vai engajar o país, vai engajar como? Se (o povo) é o dono do poder político, (o acordo) não pode ser confidencial. Nós achamos que existem muitos aspetos que devem estar escondidos para a coisa não vir a público."
Aviso ao governo chinês
Dada a especulação em torno dos acordos rubricados com a China, nos próximos dias a UNITA irá contactar a embaixada da China, para alertar os representantes em relação às irregularidades dos referidos acordos.
O secretário-geral da UNITA, Vitorino Nhany, afirma que é preciso alertar o representante chinês em Angola que os “acordos confidenciais” estabelecidos com o governo do Presidente José Eduardo dos Santos, poderão, eventualmente, não ser reconhecidos pelo próximo governo, caso o MPLA perca as eleições.
"A UNITA irá contatar a embaixada da China para poder chamar à atenção de que algo que é feito de uma forma tácita, um outro governo não poderá responsabilizar-se por aquilo que, de fato, o povo, não controla. Daí nós chamarmos a atenção para que nada se faça debaixo da mesa."
A DW África contactou o grupo parlamentar do MPLA, o partido no poder, mas não obteve resposta até à hora do fecho da edição.