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UNITA critica projeto de construção de metro em Luanda

9 de julho de 2021

Grupo parlamentar do partido da oposição considera eleitoralista a construção do metro de superfície em Luanda. Segundo Governo de Angola, projeto de mais de 2,5 milhões de euros deve começar a ser implementado em 2022.

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Addis Abeba Äthiopien Bahn Straßenbahn Haltestelle
Estação do metro em Addis AbebaFoto: picture-alliance/dpaMarthe van der Wolf

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) criticou a construção do metro de superfície em Luanda numa conferência de imprensa realizada esta quinta-feira (08.07), na capital angolana. O projeto do Governo está previsto para o próximo ano, segundo anúncio do ministro dos Transportes, Ricardo D'Abreu.

O deputado Liberty Chiaka afirmou que o projeto não é prioritário para o país e suspeita que o plano poderá facilitar mais uma vez o desvio de fundos do setor dos transportes. 

O projeto foi orçado em mais de 3 milhões de dólares [cerca de 2,5 milhões de euros]. Com a iniciativa, o Governo de Angola argumenta que pretende melhorar a situação da mobilidade urbana de Luanda e a qualidade de vida dos cidadãos, bem como oferecer uma alternativa de transporte com menor impacto ambiental. 

Angola Liberty Chiyaka
Liberty Chiyaka expôs a posição da UNITAFoto: Borralho Ndomba/DW

Desde 2014, ainda na era da governação do Presidente José Eduardo dos Santos, fala-se sobre a construção de um metro em Luanda. Na altura, anunciou-se que entraria em funcionamento no primeiro semestre de 2017 - ano em que João Lourenço foi eleito. 

Até ao momento, o plano não foi concretizado, apesar de serem disponibilizadas somas avultadas para o estudo de viabilidade técnica. 

O que inquieta a oposição?

Chiaka argumenta que o metro não vai resolver os grandes problemas que o país enfrenta, apesar das suas vantagens para uma cidade. O representante da UNITA alerta que se houver fraco controlo do projeto, "o custo do transporte às famílias poderá aumentar". 

"Não vai trazer dignidade nem prosperidade às pessoas. Não vai reduzir os milhares de óbitos por malária, tuberculose e desnutrição. Não reduzirá a fome e a pobreza, não colocará medicamentos nos postos de saúde nem reduzir o preço da cesta básica", argumenta o deputado.  

O galo negro crítica também a falta de transparência na escolha da empresa que vai gerir o projeto. Liberty Chiaka afirma que o setor dos transportes, por absorver "biliões de dólares", é propenso à corrupção, por isso não tem dúvidas de que o dinheiro do metro seja "usado para outros fins". 

"Em muitos países, governantes corruptos utilizam estes setores, transportes e obras públicas, para financiar as suas campanhas eleitorais. É por isso que esses projetos megalómanos surgem sempre em véspera de eleições", afirma.

Angola Skyline von Luanda
Luanda: UNITA considera que país tem outras prioridadesFoto: picture-alliance/AP Photo/O. Zilwa

"Foco na campanha eleitoral"

O líder da bancada parlamentar da UNITA destacou que, em processos judiciais recentes, "incluindo aquele que envolveu o ex-ministro dos Transportes", teria ficado claro, segundo Liberty Chiaka, que o "Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) financiou em parte a sua campanha eleitoral de forma ilegal com recursos públicos alocados aos ministérios dos Transportes, das Obras públicas e do Governo Provincial de Luanda", opina. 

O maior partido da oposição entende que, para os angolanos, o metro terá sentido se os utentes pagarem menos do que o gastam com os táxis e no serviço de mototáxi. A UNITA defende que o metro seja realmente um transporte público e não um negócio lucrativo. 

O galo negro propõe que a descentralização da província de Luanda e permite a construção e gestão de novas redes viárias e ferroviárias. "É preciso conferir autonomia aos cidadãos para, a nível local, resolvermos juntos os problemas de transporte, saúde, habitação, saneamento, entre outros itens". 

Para o representante da UNITA, Luanda precisa mais do que um metro de superfície. "Luanda precisa urgentemente de um novo estatuto político-administrativo no quadro dos princípios constitucionais da descentralização político-administrativa e da autonomia local", defende Liberty Chiaka.

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