UNITA diz que ensino angolano tem "cunho comunista"
4 de agosto de 2021A UNITA criticou nesta quarta-feira (04.08) o ensino em Angola, dizendo que este assumiu um " cunho evidenciado de partido único e comunista". A oposição apontou que essas "debilidades" no sistema "colocam em risco a soberania do país".
Segundo a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a história do país está a ser escrita "numa perspetiva partidária cujo conteúdo relata factos baseados em princípios não nacionais, mas estrangeiros e partidários".
Manuel Correia, ministro da Educação do "Governo Sombra", que falava em conferência de imprensa sobre o estado da educação e ensino em Angola, afirmou que são poucos os alunos que conhecem as grandes figuras históricas do nacionalismo angolano. E afirma que os "alunos conhecem mais Fidel de Castro de Cuba a Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas Savimbi".
Para Correia, as "debilidades" que se verificam atualmente no sistema de ensino primário, secundário e universitário, "colocam em risco inclusive a soberania do país".
O ministro da UNITA também declarou à imprensa que a educação em Angola "enfrenta problemas estruturantes, desde a falta de qualidade aceitável nas classes iniciais à venda de vagas para o acesso" ao sistema de ensino.
Falta de estrutura é justificativa para encerrar cursos
Ao citar Gildo Matias, secretário de Estado da Educação, Manuel Correia relembra que cursos de matemática, biologia, física e química terão sido encerrados no ensino técnico profissional por "falta de laboratórios" nas escolas de formação de professores.
O Ministério da Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação angolano anunciou, na terça-feira (03.08), a "descontinuação" dos cursos de pedagogia, psicologia e filosofia, para a formação de professores. Segundo a pasta, estes deixaram "de responder às necessidades" do sistema educativo.
Para a UNITA, o executivo angolano, ao tomar essa decisão, revela "desconhecimento total da importância e a finalidade da educação e ensino na vida do homem e da sociedade em geral".
Correia afirma que a razão de "desvirtuar" os currículos do ensino é "manter a ignorância do povo, para melhor dominá-lo e, concomitantemente, conservar o poder".
Para o professor universitário, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde 1975, "não acrescentou nada à educação dos angolanos, pelo contrário, subtraiu nela todos os valores agregadores".
O político da UNITA considerou também que "absolutamente nada justifica a retirada destes cursos sob pretexto da não existência de laboratórios", pois os mesmos "constroem-se [e] os técnicos para os laboratórios formam-se".
Manuel Correia criticou ainda os recentes decretos presidenciais que autorizavam a canalização de "milhões de kwanzas" para a construção de estradas, questionando "se é tão difícil alocar dinheiros para a aquisição de laboratórios".