Uma rede social africana feita à medida dos usuários
16 de julho de 2014Navegar na Internet com o telemóvel pode ser um prazer adiado na África do Sul. Para ver as fotografias dos amigos com alta resolução no Facebook, é preciso uma lupa. E os vídeos no canal online youtube? Nem funcionam. Não é que não haja a tecnologia para a transferência rápida de dados no país, mas essa não está ao alcance das bolsas da maioria dos sul-africanos.
Há oito anos, a empresa sul-africana Mxit desenvolveu uma rede social, adequada a este público alvo, já que ela que necessita de apenas uma pequena quantidade de dados para funcionar.
Software adaptado à realidade no país
À primeira vista, a plataforma parece uma combinação das mais conhecidas Facebook e WhatsApp. Com a aplicação da Mxit, os usuários podem iniciar um chat privado ou um grupo de chat, jogar ou ler notícias. Muitos conteúdos são grátis, mas através de aplicativos o usuário pode comprar conteúdos adicionais. Tal como no Facebook, pode-se também adquirir espaços para publicidade, ou estabelecer contactos e construir a própria comunidade Mxits.
A Mxit adaptou o seu software especialmente para os celulares de baixo custo, os chamados “feature phones”, que permitem a navegação na internet. Cerca de cinco milhões de sul-africanos já instalaram o aplicativo nos seus telefones.
Ben-Carl Havemann, diretor de marketing da Mxit, diz: "Os telemóveis são muito importantes em África e nos mercados emergentes porque dão poder ao povo. Como muitos aqui não têm computador, então o telemóvel é a ligação com o mundo."
Contribuição para o desenvolvimento social
Apesar da popularidade no seio dos usuários, no passado, a Mxit também foi alvo de críticas, sobretudo dados os conteúdos pornográficos que foram trocados na plataforma. Mas a empresa reagiu rapidamente e os conteúdos foram apagados.
Claro que a Mxit quer ser mais do que uma plataforma de troca de mensagens. Uma das suas permite obter informações grátis sobre saúde, formação e serviços de aconselhamento. Neste contexto, a Mxit trabalha também em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF. Haveman explica a importância do Mxit como instrumento para a comunicação social chamando a atenção para o problema que ainda representa o estigma do HIV-SIDA no país, apesar do muito já feito “pelo Governo e outras organizações”. A aplicação "Mxit Alcance", diz, coloca o usuário na situação de poder consultar um conselheiro com credenciais a cobro do anonimato.
A conquista dos mercados africanos, mas não só
O Mxit também é conhecido para além das fronteiras da África do Sul. Muitos usuários são do Zimbabué, Gana e Quénia. Há algumas semanas, o Mxit entrou na Nigéria. O director de Marketing da empresa explica o porquê desta escolha: "Concentramo-nos na Nigéria. Esta é atualmente a maior economia de África e com a maior densidade em termos de telefonia móvel”.
A empresa procura adaptar a rede às condições do país e às necessidades dos usuários com vista a encontrar soluções específicas a nível local, acrescenta Havemann: "Acreditamos que o telemóvel terá um papel importante na transformação da África. Mas, muitas vezes, produtos ou serviços são desenvolvidos com base numa visão do primeiro mundo. Nós procuramos desenvolver produtos e serviços que partem da sociedade e servem realmente as suas necessidades".
Também há comunidade de usuários fora de África, estando a maior na Indonésia. A Mxit, que na África do Sul emprega 130 pessoas, tem ainda uma representação na Índia, com 18 colaboradores. E a empresa continua em expansão. No futuro a plataforma estará disponível em 22 línguas, entre as quais o haússa, suaíli e árabe.