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Uganda: Líder da oposição volta a ser detido

GCS / Alex Gitta (Kampala) / RTR / AP / Lusa22 de fevereiro de 2016

É a quarta vez que Kizza Besigye, principal candidato da oposição nas presidenciais ugandesas, é detido no espaço de uma semana. A UE está preocupada com clima "intimidatório" após a reeleição do Presidente Museveni.

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Opositor Kizza Besigye conseguiu apenas 35% dos votos, segundo dados avançados pela Comissão EleitoralFoto: Reuters/G. Tomasevic

Kizza Besigye passou o fim-de-semana com a casa cercada pela polícia. O principal candidato da oposição à Presidência ugandesa contestou os resultados das eleições presidenciais de quinta-feira (18.02) em que ficou em segundo lugar, com 35% dos votos.

Quem venceu, como esperado, foi o Presidente Yoweri Museveni, no poder há três décadas. Museveni, de 71 anos, foi reeleito para um quinto mandato de cinco anos com mais de 60% dos votos.

Besigye considera que estas foram umas "eleições de fachada". Por isso, queria recolher pormenores dos resultados junto da Comissão Eleitoral e apresentar uma queixa formal por fraude eleitoral. "Os resultados da eleição presidencial devem ser rejeitados", anunciou. O partido de Besigye, o Fórum para a Mudança Democrática, mobilizou os seguidores através das redes sociais para participarem numa marcha de protesto. Mas, esta segunda-feira (22.02), Besigye foi detido pela polícia ao tentar sair de casa. Segundo as autoridades, Besigye preparava-se para "invadir" o edifício da Comissão Eleitoral com o grupo de apoiantes.

Esta foi a quarta vez que o candidato presidencial foi detido no espaço de uma semana. Antes das eleições gerais, Besigye foi intercetado pela polícia durante uma marcha na capital, Kampala. No dia das eleições, Besigye foi detido junto a uma casa que suspeitava ser um centro ilegal de contagem dos votos do partido no poder, o Movimento de Resistência Nacional. Um dia depois do escrutínio, o opositor foi detido mais uma vez, depois da polícia de intervenção cercar o centro de contagem do seu partido.

Uganda Wahlen Polizei Kampala
Polícia à porta da casa do líder da oposição Kizza BesigyeFoto: Reuters/J. Akena

Preocupação ocidental

Os Estados Unidos da América mostraram-se preocupados com as várias detenções do líder da oposição. E Eduard Kukan, chefe da missão de observadores da União Europeia, criticou o uso excessivo de força por parte da polícia. "Este uso arbitrário de força é inaceitável", declarou.

Kukan disse ainda que o ambiente "intimidatório" que já se vive em Kampala com o exército e a polícia nas ruas é agravado com a presença de grupos de cidadãos de prevenção de crimes, patrocinados pelo Governo.

O programa de prevenção de crimes tem sido criticado dentro e fora do país, incluindo pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch. Olusegun Obasanjo, ex-Presidente da Nigéria e chefe da missão de observadores da Commonwealth, não acredita que "haja lugar para uma milícia apoiada pelo Estado."

Eleições livres e justas?

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Eleições "não cumprem níveis democráticos fundamentais"Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Curtis

Obasanjo disse ainda que as eleições gerais de quinta-feira "não cumprem níveis democráticos fundamentais".

Mas os observadores da União Africana e da Comunidade da África Oriental fazem uma avaliação contrária. As missões declararam que o processo foi livre e justo e que os atrasos na abertura de algumas assembleias de voto não influenciaram os resultados.

Badru Kiggundu, presidente da Comissão Eleitoral, pediu desculpa pelos atrasos na entrega de boletins de voto, frisando que é preciso aprender com os erros: "Estamos certos de que vamos melhorar porque sabemos muito bem que não há nenhum país no mundo que realize uma eleição multipartidária sem erros."

Yoweri Museveni rejeita as acusações de fraude. "A oposição não tem líderes. São demagogos, mentirosos, só falam", afirmou Museveni este domingo.

Museveni deverá ser empossado em maio. Apesar da reeleição do Presidente ugandês, o partido no poder sofreu vários reveses no dia das eleições. Mais de uma dezena de figuras influentes do Movimento de Resistência Nacional perderam os seus assentos parlamentares a favor da oposição.

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