Uganda: julgamento de Kizza Besigye adiado
1 de junho de 2016O líder do Fórum para a Mudança Democrática (FDC, o principal partido da oposição no Uganda), Kizza Besigye, não compareceu hoje (01.06) no tribunal, onde iria ter início o seu julgamento por traição.
Lino Anguzu, Procurador-Geral da República, disse ao tribunal de Nakawa que “Besigye não poderia ser transportado por questões de segurança”. A audiência foi adiada para 15 de junho.
Besigye foi acusado formalmente de traição em maio, por ter contestado os resultados das eleições e ter organizado a sua própria cerimónia de tomada de posse como Presidente do Uganda.
O líder do FDC contesta os resultados das eleições de fevereiro deste ano e pede uma nova contagem dos votos através de uma auditoria independente. Besigye ficou em segundo lugar nas eleições, perdendo para Yoweri Museveni, no poder desde 1986.
Jovens detidos por distribuírem t-shirts de apoio
Meios de comunicação ugandeses falam sobre a prisão de três jovens durante este fim de semana, por distribuírem t-shirts de apoio a Kizza Besigye. As impressões são semelhantes aos cartazes da campanha à presidência “Hope” de Barack Obama, em 2008, do artista Shepard Fairey.
De acordo com a polícia, estes jovens fazem parte de um grupo que imprimiu 120 t-shirts “para promover protestos no Supremo Tribunal de Nakawa” à chegada do líder do FDC ao tribunal para o julgamento de hoje.
Nicholas Opiyo, advogado de direitos humanos no Uganda, afirmou à DW que estas detenções não foram feitas com a intenção de levar os jovens a tribunal. “[As detenções] foram feitas com a intenção de espalhar o medo no coração daqueles que possam fazer algo semelhante”, afirmou.
Recorde-se que em Angola, os 15 ativistas julgados por prepararem uma rebelião contra o Presidente José Eduardo dos Santos utilizaram as t-shirts das fardas prisionais para escrever frases de protesto.
Em março, membros da Central Angola 7311 imprimiram t-shirts em que cobriam as caras dos ativistas com maquilhagem de palhaço. As imagens faziam referência ao momento em que Manuel Nito Alves teria referido que o julgamento era uma "palhaçada", afirmação que lhe valeu uma condenação a seis meses de prisão por "desacatos em tribunal".
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