Ucrânia: "Chegou a hora" de NATO convidar Kiev, diz Zelensky
20 de abril de 2023Volodymyr Zelensky pediu também a ajuda da Aliança para "superar a relutância" dos aliados em entregar "armas vitais" para Kiev combater Moscovo, uma "linha vermelha" que o Kremlin vê como uma "ameaça existencial".
Entre o armamento, segundo o Presidente ucraniano, figuram “armas de longo alcance [mísseis], aviação moderna, artilharia e veículos blindados”.
A Ucrânia tem vindo a pedir a adesão à NATO há vários anos, solicitação que ganhou força depois da invasão russa do país, a 24 de fevereiro de 2022, com Kiev a considerar a entrada na Aliança Atlântica como a “única garantia real” da sua segurança contra Moscovo.
Favorável em princípio à integração deste país, a NATO é, porém, muito vaga quanto ao calendário, podendo a entrada da Ucrânia na organização provocar uma escalada do conflito, pois a Rússia considera tal alargamento uma “linha vermelha”.
"A cimeira da NATO em Vílnius [em Julho] pode tornar-se histórica", insistiu Zelensky, considerando "importante” que a Ucrânia receba, aí, o respetivo convite” para aderir à organização.
“Chegou a hora”, insistiu Zelensky.
"O futuro da Ucrânia está na NATO"
Por seu lado, o secretário-geral da NATO declarou que a sua prioridade é uma vitória militar ucraniana sobre a Rússia e que a questão da adesão da Ucrânia à Aliança será debatida em julho, na cimeira da organização.
"O futuro da Ucrânia está na família euro-atlântica, o futuro da Ucrânia está na NATO. Ao mesmo tempo, o principal objetivo da Aliança, dos aliados, é garantir que a Ucrânia vença" a guerra contra a Rússia, afirmou Jens Stoltenberg ao lado do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev.
O norueguês acrescentou que o assunto estará em discussão na próxima cimeira da Aliança Atlântica, que se realiza nos dias 11 e 12 de julho na capital da Lituânia, Vilnius.
Na sua primeira visita a Kiev desde a invasão russa há 14 meses, Stoltenberg declarou que não é possível prever quando vai acontecer o fim da guerra, mas prometeu que a NATO manterá o apoio à Ucrânia “o tempo o que for necessário”.
“A NATO está com a Ucrânia. Estivemos ao vosso lado na anexação ilegal da Crimeia por parte da Rússia em 2014 e estamos ao vosso lado hoje, na vossa heroica luta contra invasores russos e em defesa do vosso país”, sublinhou.
"Grave perigo" para a Rússia
Esta quinta-feira (20.04) o Kremlin admitiu que um dos objetivos da invasão da Ucrânia foi impedir que este país aderisse à NATO.
O principal porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, confirmou que manter Kiev longe da NATO é um objetivo prioritário para o seu regime.
“Caso contrário, representaria um grave perigo para o nosso país, para a nossa segurança”, argumentou Peskov, citado pela agência Interfax.
O Kremlin não admite a perspetiva de uma hipotética futura entrada da Ucrânia na NATO – uma hipótese que, de resto, oficialmente não se coloca por enquanto.