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Turismo cresce em Moçambique, Cabo Verde e STP

Cristiane Vieira Teixeira (Berlim)
10 de março de 2017

Em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe, até faltaram camas. Os três países trouxeram "bons números" à Feira de Turismo de Berlim, a ITB. Moçambique destaca o turismo ambiental.

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Stand de Moçambique na ITB 2017Foto: DW/C. Vieira

Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe vieram à Feira Internacional de Turismo de Berlim (ITB) à procura de novas perspetivas de negócios. Mas 2016 não foi um ano mau.

Um milhão e 600 mil turistas visitaram Moçambique no ano passado - entre 15% e 20% a mais do que em 2015, garante Nuno Fortes, técnico da Direção de Marketing do Instituto Nacional do Turismo (INATUR).

Muitos turistas continuam a dizer que um ponto alto da visita ao país é a possibilidade de mergulhar com animais marinhos gigantes, na província de Inhambane. Mas as populações de tubarões-baleia e mantas diminuíram nas últimas décadas - 79% e 88%, respetivamente - segundo a Associação moçambicana Megafauna Marinha. 

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O Tofo é considerado um dos melhores lugares do mundo para observar as raias jamanta (foto da Austrália)Foto: imago/OceanPhoto

Nuno Fortes não confirma as estatíticas, divulgadas em 2015. Fala, porém, em ações de defesa dos animais.

"Não consigo dizer que estamos a sentir uma redução destas espécies, porque não tenho dados específicos para lhe dizer isso. Mas que as ações de fiscalização e de preservação são cada vez mais intensas, posso lhe garantir que são. Também temos treinado cada vez mais pessoas. Os fiscais estão cada vez mais especializados neste tipo de fiscalização e acreditamos que teremos bons resultados nessas ações que o Governo está a fazer," garante.

A diminuição das populações dos animais poderia fazer com que menos turistas internacionais fossem até à região. Mas, para o técnico da Direção de Marketing do INATUR, os motivos que levaram à diminuição do turismo na zona, em anos anteriores a 2016, são outros.

"Podemos dizer que uma das principais causas foi também a recessão económica internacional, porque se viu que em 2013, em 2014 e até meados de 2015, os nossos potenciais turistas viajaram cada vez menos. Depois, passou-se para o mundo uma imagem de Moçambique com uma certa instabilidade. Fizemos um esforço muito grande para explicar que esta instabilidade, se eventualmente aconteceu, foi em locais muito específicos", argumenta.

Deutschland | ITB 2017 | Carlos dos Anjos
Carlos dos Anjos, da Direção Geral do Turismo e Transportes de Cabo VerdeFoto: DW/C. Vieira

Cabo Verde é destino alternativo

De acordo com Carlos dos Anjos, diretor-geral da Direção Geral do Turismo e Transportes (DGTT) de Cabo Verde, o setor turístico cresceu 13% em 2016, embora tenham faltado camas para atender à procura dos visitantes.

"Muitos turistas que antes iam para a Turquia, o Egito, a Tunísia e Marrocos procuram agora novos destinos, porque esses destinos tornaram-se inseguros", afirma dos Anjos. "Os problemas no norte de África fizeram com que vários grupos que antes não tinham investido em Cabo Verde - como o Hilton, o Radisson Blu e o Barceló - estejam agora a construir hotéis no país. Isso é um bom sinal."

Segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), a retoma do movimento turístico tem sido gradual no norte de África, que registou um crescimento de apenas 3% no setor. Já o Médio Oriente registou uma queda de 4%. 

Com a mudança de Governo, no ano passado, a Cabo Verde Investimentos passou a chamar-se Cabo Verde Trade Invest e manteve a responsabilidade pelo comércio e investimentos no setor. Já a promoção do turismo é agora responsabilidade da Direção Geral do Turismo e Transportes (DGTT), explica Carlos dos Anjos.

Turismo cresce em Moçambique, Cabo Verde e STP

São Tomé e Príncipe conquista novo público

São Tomé e Príncipe ainda não acabou de contabilizar o número de visitantes em 2016. Mas a diretora do Turismo, Mirian Daio, diz que se surpreendeu com o desempenho do seu país.

"Prevíamos ter um aumento de cerca de quatro mil turistas. Ou seja, prevíamos passar de 20 mil para 24 mil. Tudo indica que estamos nos 30 mil, embora ainda não tenhamos fechado os dados," comenta.

Segundo Mirian Daio, um novo público ter-se-á interessado pelo país, representando cerca de 20% dos visitantes.

"O novo perfil são os expatriados que estão na costa africana. A nova escala que temos da [companhia aérea portuguesa] TAP, que para em Acra [no Gana], trouxe-nos realmente uma nova clientela."

A diretora do Turismo de São Tomé e Príncipe diz que a capacidade de acolhimento chegou a ficar esgotada em alguns momentos, motivo pelo qual o país quer aumentar o número de camas.

"Atualmente temos cerca de 1.400 camas. Contamos ter mais cerca de 200 a 250 camas no final de 2017. Em 2018, pensamos também, pelo menos, conseguir ampliar novamente e ter mais 250 camas," prevê Daio.

A Feira Internacional de Turismo de Berlim termina no domingo (12.03). Este ano, o Botswana é o país parceiro da ITB. É a primeira vez que um país da África Austral está sob os holofotes de um dos eventos internacionais mais importantes para o setor turístico.

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