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PolíticaTunísia

Tunísia: Kais Saied vence presidenciais com mais de 89%

Lusa
7 de outubro de 2024

Kais Saied vence as presidenciais na Tunísia com 89% dos votos, mas as eleições registam baixa participação, apenas 27,7%, refletindo o crescente descontentamento popular.

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Presidente da Tunísia, Kais Saied
O país é considerado um dos poucos exemplos de sucesso democrático após a eclosão da 'Primavera Árabe', em 2011Foto: Chokri Mahjoub/ZUMA Wire/IMAGO

O Presidente da Tunísia, Kais Saied, obteve mais de 89% dos votos nas eleições presidenciais de ontem (06.10) no país norte-africano, segundo uma sondagem à boca das urnas divulgada pela estação nacional de televisão Wataniya.

A sondagem, realizada pelo instituto Sigma Conseil, indica que Kais Saied, de 66 anos, venceu confortavelmente o industrial liberal Ayachi Zammel, que obteve apenas 6,9% dos votos, e o antigo deputado pan-árabe de esquerda Zouhair Maghzaoui, que ficou em último lugar com 3,9%.

Baixa taxa de participação

As eleições presidenciais no pais registaram, porém, uma baixa taxa de participação, de 27,7%, contra 45% em 2019, segudo dados oficiais.

A participação nas eleições tinha sido de 14,16% até às 13:00 (horário universal), em linha com o descontentamento popular já mostrado nos atos eleitorais anteriores do país.

Em 2019, a participação nas presidenciais ficou-se pelos 48,9% na primeira volta e pelos 55% na segunda volta. Os números foram ainda piores no ano passado, quando apenas 11,66% dos nove milhões de eleitores tunisinos foram às urnas nas eleições locais.

Saied atribuiu a baixa taxa de participação nas eleições para as autarquias à "rejeição" por parte da população do funcionamento do anterior parlamento, cujas competências o Presidente assumiu em 2021, decisão qualificada pelos seus críticos como um exemplo clássico de deriva autoritária.

Protestos antes das eleições na Tunísi
Os tunisinos manifestam-se na Avenida Habib Bourguiba, na capital Túnis, contra o presidente Kais Saied no período que antecede as eleições presidenciais. Foto: Anis Mili/AP/picture alliance

Campanha de repressão crescente

Saied, que nas eleições de 2019 venceu a segunda volta com 72,7% dos votos -- tendo os restantes 27,3% sido recolhidos pelo magnata Nabil Karui, que permaneceu preso durante a maior parte da campanha eleitoral -, tem liderado, desde 2021, uma campanha de repressão crescente, pondo em causa a representatividade das eleições.

O Presidente enfrentava dois candidatos de pouco peso: Zuhair Magzhausi, líder do Movimento Popular (Echaab) -- que lidera desde 2013 após o assassinato do então chefe do partido, Mohamed Brahmi, uma das principais referências da esquerda tunisina -- e Ayachi Zamel, líder do partido liberal Azimun, que esteve detido durante toda a campanha eleitoral.

O país, considerado um dos poucos exemplos de sucesso democrático após a eclosão da 'Primavera Árabe', em 2011, sofreu durante os últimos cinco anos um retrocesso nos direitos e liberdades.

Esse retrocesso foi atribuído ao Presidente, o que levou os seus críticos a fazer comparações entre o atual chefe de Estado e Zine el Abidine ben Ali, que governou o país entre 1987 e 2011, e cujo longo mandato terminou precisamente com aquela revolução.

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