Transportes em Maputo: Grande pedra no sapato do novo edil
15 de fevereiro de 2024"É doloroso" e "inadmissível" que os citadinos de Maputo continuem a sofrer com os transportes públicos, disse há dias Rasaque Manhique, do partido no poder, a FRELIMO.
O novo edil da capital moçambicana já tinha afirmado, aquando da sua tomada de posse, a 7 de fevereiro, que o problema dos transportes será um dos maiores desafios da sua governação, nos próximos cinco anos.
"Temos que, todos juntos, corrermos rápido para que aliviemos o sofrimento daqueles que procuram por um meio de transporte. Não sejamos nós esbanjadores do erário, gastando dinheiro com despesas, alegando necessidade. Não deve ser necessidade corrermos para comprar, por exemplo, viaturas para os nossos dirigentes e quadros se a nossa população sofre todos os dias nas paragens."
No passado, houve muitas promessas de melhorar os transportes públicos. Mas os cidadãos continuam a sofrer nas paragens e terminais, esperando duas e três horas para apanhar transporte. Isto sem falar nos chamados "my love" de caixa aberta sobrelotados com passageiros.
Mais meios e melhores estradas
Os munícipes em Maputo dizem que é preciso mais veículos e melhores estradas. "Quanto mais autocarros tivermos, melhor, mas parece que não dá efeito por causa das vias de acesso", diz um morador.
"Estamos a passar mal, porque se não conseguimos apanhar 'TPM' chegamos tarde", queixa-se outro utente ouvido pela DW na capital moçambicana.
O analista Dércio Alfazema considera que o problema dos transportes públicos na capital é uma batalha difícil de vencer. "Mas com força e vontade e com alguma visão e criatividade poderá ser feito ou dado algum sinal, e isto poderá trazer algum ganho político muito grande caso o edil consiga avançar nesse sentido", diz.
Durante a governação do anterior edil, Eneas Comiche, e ainda antes de David Simango, importaram-se autocarros para tentar solucionar o problema dos transportes.
No entanto, aos olhos de Dércio Alfazema, isso não basta para esta nova governação. "A questão dos transportes não vai muito além de alocar mais viaturas, mas é um problema estruturante que requer soluções mais arrojadas e até um investimento que pode estar para além das capacidades do município", observa.
O que aconteceu ao metro?
Nos últimos sete anos, tanto o município como o próprio governo central garantiram que iam melhorar a situação. Mas a introdução de meios modernos como o metro de superfície, o sistema de autocarros de transporte rápido BRT e um transporte marítimo que ligasse Maputo à cidade vizinha da Matola continuam a ser uma miragem.
"Tudo isso encontrou entraves e barreiras, por conta dos investimentos que são requeridos. E quanto aos transportes rodoviários, temos a questão das vias de acesso e a forma como está estruturada a cidade, que poderá requer um alargamento de vias, e as vias estão muito confinadas por causa das habitações desordenadas", lembra o analista.
Tudo isto é uma grande pedra no sapato para o novo edil. Durante a campanha para as últimas eleições autárquicas, Rasaque Manhique prometeu "reestruturar" todo o sistema – refazendo rotas de transporte, criando corredores exclusivos, modernizando a rede de autocarros, melhorando a qualidade do serviço, construindo mais paragens e, por exemplo, introduzindo um "transporte público bonificado para jovens estudantes."