Togo: Oposição denuncia repressão "selvagem" de protestos
9 de dezembro de 2018As forças de segurança dispararam gás lacrimogéneo e registaram-se confrontos com os manifestantes reunidos no sábado (08.12) na capital do Togo, Lomé, e várias outras cidades do país, apesar da proibição das manifestações decretada pelas autoridades.
Em comunicado, o Governo dá conta de duas vítimas mortais. A principal coligação da oposição, que reúne 14 partidos, fala numa possível terceira morte. "O balanço provisório desta repressão violenta será de três mortos e vários feridos graves", diz o líder da coligação, Jean-Pierre Fabre.
Quatro membros das forças de segurança ficaram feridos e 28 manifestantes foram interpelados pelas autoridades, acrescenta o Governo.
Proibida mobilização contra irregularidades
A coligação, que vai boicotar as próximas legislativas, denuncia "irregularidades" na preparação do escrutínio e apelou à realização de manifestações durante 10 dias a partir deste sábado para exigir o fim do processo eleitoral.
Os protestos foram proibidos pelo Governo, que justificou com "o elevado risco de problemas graves na ordem pública”, no arranque da campanha eleitoral, na última terça-feira.
Jean-Pierre Fabre "condenou de forma veemente a loucura assassina do regime, na qual participaram as mais altas patentes do Exército" e "rejeitou formalmente as explicações escabrosas dadas pelo Governo sobre a selvajaria da repressão às manifestações".
Poder contestado
A coligação exige reformas constitucionais para impor limites aos mandatos presidenciais e, em termos legislativos, a recondução da Comissão Eleitoral Nacional Independente, bem como a recuperação de todas as atividades já levadas a cabo por esta instituição.
O país atravessa uma grave crise política há mais de um ano, com protestos em massa para exigir a demissão do Presidente Faure Gnassingbé, que em 2005 substituiu no cargo o seu pai, que liderou o Togo com mão de ferro durante 38 anos.
As igrejas evangélicas, presbiterianas e metodistas do Togo apelaram esta semana a um "adiamento por vários meses" das eleições, denunciando "as condições não consensuais da organização". Os "quadros muçulmanos" do Togo lançaram igualmente o apelo a um adiamento.