Terceiro frente a frente entre Mugabe e Tsvangirai no Zimbabué
31 de julho de 2013Mais de seis milhões de zimbabueanos foram chamados às urnas. Os eleitores foram escolher os seus próximos representantes nos municípios e no Parlamento. E, no boletim de voto, também escolheram quem será o próximo Presidente do Zimbabué.
À frente, na corrida presidencial, estão dois rivais: Robert Mugabe e Morgan Tsvangirai. Ambos clamam uma vitória, numas eleições gerais ensombradas por acusações de irregularidades.
À espera de votar, muitos eleitores tinham de pôr as mãos nos bolsos para enganar o frio, tiveram de vestir casacos e pôr capuzes ou bonés na cabeça. Vários levaram consigo cobertores. A espera foi longa. A agência de notícias Reuters conta que uma fila de eleitores na província de Manicaland, no leste do país, chegou mesmo a atingir um quilómetro.
Apoiantes de Tsvangirai muito otimistas
Numa das filas na capital Harare, bastião do candidato da oposição Morgan Tsvangirai, um eleitor zimbabueano estava optimista quanto às eleições e esperava um futuro melhor: "Gostaria bastante de ter um líder que criasse trabalhos. Que nos trouxesse melhores oportunidades. Para melhorar o nosso país", concluiu.
Tomás Salomão é o secretário-executivo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e um dos observadores eleitorais. Salomão sondou a afluência às urnas e disse à DW África que o escrutínio decorria de forma pacífica.
"Continuamos a fazer passagens por algumas das estações onde temos observadores permanentemente. Eu estou a circular, a ver o que está a acontecer, mas de uma maneira geral, nas zonas de alta densidade populacional, as filas são mais longas que noutras. O processo está a decorrer tranquilamente. Não há sobressaltos", contou.
Que acontecessem sobressaltos era, precisamente, um grande medo relativamente a este escrutínio. As últimas eleições no Zimbabué, em 2008, ficaram manchadas pela violência.
Na altura, três candidatos principais disputaram o cargo de Presidente. Dois deles são os eternos rivais Robert Mugabe, da União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF), e Morgan Tsvangirai, do Movimento para a Mudança Democrática (MDC).
"Momento histórico" para o Zimbabué
Este ano, a corrida presidencial continua a girar em torno dos dois políticos. Ambos os lados prevêem vitórias esmagadoras nestas eleições. Tsvangirai, atual primeiro-ministro, votou esta quarta-feira no bairro de Mount Pleasant, em Harare. Sobre os resultados das eleições gerais, o político prognosticou uma "vitória clara" para o seu partido e disse que este é um "momento histórico".
"É um momento carregado de emoção. Depois de todo o conflito, do impasse, da desconfiança e da hostilidade. Há um sentimento de calma. Por fim, o Zimbabué vai poder avançar de novo."
O partido de Tsvangirai, o MDC, alega que houve intimidação de eleitores e problemas com o registo eleitoral. Mas Robert Mugabe, da Zanu-PF, negou as acusações. Mugabe, há 33 anos no poder, disse que estaria disposto a abandonar o cargo, se os eleitores assim o decidissem. Esta quarta-feira, o político voltou dizer que o futuro do país está nas mãos dos zimbabueanos. "Esperamos que as pessoas decidam agora qual o caminho que querem que sigamos."
Ainda assim, para quem acompanha o escrutínio, continua em aberto uma grande questão: será que quem perder aceitará a decisão dos zimbabueanos depois das eleições serem ensombradas por acusações de irregularidades?