Tanzânia quer indemnizações da Alemanha por crimes coloniais
10 de fevereiro de 2017"Queremos uma compensação", afirmou o ministro da Defesa tanzaniano, Hussein Mwinyi. Este não é o primeiro processo legal contra a Alemanha pelo seu passado colonial.
"A Tanzânia segue o exemplo de outros países africanos, como Quénia e Namíbia, que solicitaram compensação às suas antigas potências coloniais. Esperamos conseguir negociar com o Governo alemão", acrescentou o ministro.
No Sudoeste Africano Alemão, pesquisadores tentavam provar que as raças africanas eram inferiores às europeias, levando em navios milhares de crânios das zonas coloniais até ao então império.
Em novembro do ano passado, jornalistas alemães encontraram, no depósito central da Fundação Património Cultural Prussiano, 1.003 crânios da região da atual Ruanda e 60 da Tanzânia.
Historiadores estimam que até 300 mil pessoas foram mortas durante a rebelião do Maji Maji, no sul da Tanzânia, entre 1905 e 1907. Colonizadores alemães também queimaram campos dos agricultores, o que levou milhares de pessoas a morrer de fome. Foi um "ato de genocídio", disse o legislador tanzaniano à agência de notícias alemã DPA.
O deputado alemão pelo partido A Esquerda, Niema Movassat, considera que "o reconhecimento do genocídio de hereros e namas na Namíbia e a questão da compensação encorajou o Governo da Tanzânia a seguir com suas pretensões". Mas "a quantidade de vítimas na Tanzânia é ainda maior", acrescenta Niema Movassat.
Em janeiro, a Alemanha decidiu que irá pagar indemnizações à Namíbia pela morte de 65 mil pessoas durante a ocupação colonial, num episódio considerado o primeiro genocídio do século XX.
Uma responsabilidade moral
O parlamentar critica a falta de debate sobre a responsabilidade da Alemanha pelo extermínio provocado nas suas ex-colónias. Não há nenhum memorial que recorde os crimes e pouco é esclarecido sobre o assunto nas escolas.
Apesar de a história colonial alemã não ser bem conhecida, cresce a atenção sobre a questão por parte dos países africanos.
O deputado Niema Movassat defende que há "uma obrigação moral e histórica para a Alemanha pagar compensações". Agora, "se existe uma obrigação legal, os historiadores terão de decidir", acrescenta o parlamentar do partido A Esquerda.
Em 2013, o governo britânico aceitou indemnizar cerca de cinco mil quenianos, 60 anos depois da violenta repressão à insurgência Mau Mau contra as autoridades coloniais. Quase 10 mil pessoas foram mortas e milhares detidas entre 1952 e 1960.