Tundu Lissu refugia-se na embaixada da Alemanha na Tanzânia
10 de novembro de 2020O candidato do Chadema, maior partido da oposição tanzaniana, disse em entrevista à DW África que tem recebido várias mensagens de ameaças de morte. Por considerar que a sua vida está em risco, procurou refúgio na embaixada alemã na Tanzânia.
"Estarei aqui até que a minha segurança esteja garantida. Não gosto de ficar aqui. Não tenho nada para fazer aqui. Por isso, quero sair o mais depressa possível. Infelizmente não sei quando é que isto pode acontecer", desabafa Tundu Lissu..
Antes, Tundu Lissu foi detido pela polícia , acusado de apelar à população a sair ir à rua em protestos contra os resultados das eleições presidenciais e legislativas de 28 de outubro, que a oposição considera fraudulentas.
O principal opositor do Presidente Magufuliacusa as autoridades tanzanianas de não se comprometer com a sua segurança. "Tem havido esforços de embaixadores de diferentes países apelando ao governo da Tanzânia que o que está a acontecer não é correto. E esses esforços ainda não foram bem-sucedidos", afirma.
Tundu Lissu regressou à Tanzânia para as eleições deste ano, depois de ter estado na Bélgica durante três anos, em tratamentos na sequência de uma tentativa de assassinato que sofreu em 2017, a que atribuiu a motivações políticas. Mas pondera regressar à Europa.
"A situação de segurança neste momento não é boa. Tenho de levar a sério estas ameaças e dar-lhes um peso e consideração especiais", disse na entrevista à DW África.
Polícia acusa oposição
A polícia tanzaniana insiste na acusação de que os opositores estão a planear a desordem pública. Segundo Lazaro Mambosasa, comandante da polícia em Dar es Salam, a perseguição aos suspeitos vai continuar, até terem "a certeza de que adiaram ou abandonaram as suas más intenções."
"Todos os cidadãos estão a apoiar a polícia. Todos continuam a condenar as ações para planear a destruição. Os cidadãos continuam a explicar que não estão prontos a ir para as ruas como lhes foi aconselhado", declarou Mambosasa.
Além do líder do Chadema, há outros políticos da oposição na Tanzânia em fuga por temerem pela vida. O antigo membro do Parlamento tanzaniano Godbless Lema e a sua família foram este final de semana detidos no vizinho Quénia, para onde se dirigiram em busca de segurança.
Daud Lonyorokwe, porta-voz da polícia da região de Kajiado, confirma a detenção de Godbless Lema. "Ele entrou ao país sem passar pela migração e o seu passaporte não tem nenhuma autorização de entrada", justificou.
Citado pela imprensa queniana, Godbless Lema disse que as autoridades migratórias do Quénia se recusaram a carimbar o seu passaporte. Lema está entre os três líderes da oposição que teriam sido detidos na semana passada, juntamente com Tundu Lissu, por mobilizarem manifestações populares para exigir novas eleições.