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Síria: Investigações e diplomacia após ataques

Lusa | AFP | Reuters | mjp
15 de abril de 2018

Missão da OPAQ já está no terreno e deve começar a investigar este domingo o alegado ataque com armas químicas em Douma. No Conselho de Segurança da ONU, França, Estados Unidos e Reino Unido tentam nova resolução.

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Soldado sírio em Douma, junto a um cartaz de Bashar Al-AssadFoto: Getty Images/AFP/Y. Karwashan

Os investigadores internacionais da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) já estão em Douma, nos arredores da capital da Síria, Damasco, onde um alegado ataque com armas químicas, na semana passada, levou os Estados Unidos, a França e o Reino Unido a lançar uma série de ataques contra alvos associados à produção de armamento químico na Síria, este sábado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, justificou o ataque como uma resposta à "ação monstruosa" realizada pelo regime de Damasco contra a oposição e prometeu que a operação irá durar "o tempo que for necessário".  Segundo o secretário-geral da NATO, a ofensiva teve o apoio dos 29 países que integram a Aliança.

Entretanto, Washington, Paris e Londres decidiram voltar aos esforços diplomáticos. O trio remeteu no sábado ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a Síria, que inclui um novo mecanismo de controlo sobre o uso de armas químicas.

O texto, que abrange três áreas - química humanitária e política - foi redigido pela França e deverá ser entregue na segunda-feira, segundo fontes diplomáticas. Não foi avançada qualquer data para a votação do texto, com Paris a referir que pretende garantir algum tempo para permitir uma "verdadeira negociação". 

Falácias e mentiras

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Reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, pedida pela Rússia, este sábado (14.04)Foto: picture alliance/Xinhua/L. Muzi

Já este domingo, Bashar Al-Assad denunciou uma "campanha de falácias e mentiras" contra o seu país no Conselho de Segurança da ONU, durante uma reunião em Damasco com deputados russos.

O líder sírio disse ainda que Rússia e Síria "estão a travar uma batalha contra o terrorismo, mas também para proteger a lei internacional baseada no respeito à soberania dos Estados soberanos e a vontade dos seus povos".

Aos deputados russos, segundo as agências de notícias russas, Assad descreveu os ataques ocidentais como um "acto de agressão" e elogiou ainda os sistemas de defesa da Síria, da era soviética.

"Do ponto de vista do Presidente, isto foi uma agressão e nós partilhamos esta posição", disse o deputado russo Sergei Zheleznyak, citado pela agência de notícias TASS, após o encontro com Bashar Al-Assad.

O assunto deve também dominar os trabalhos na cimeira da Liga Árabe, a decorrer na Arábia Saudita.

Investigação difícil em Douma

A vista dos deputados russos, este domingo, coincide, segundo a AFP, com o início do trabalho da missão da OPAQ em Douma, onde os investigadores internacionais querem perceber se foram usadas armas químicas - gás sarin e cloro – contra civis, num ataque na localidade nos arredores de Damasco, a 7 de abril. Mais de 40 pessoas morreram e 500 ficaram feridas.

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Douma após ataques do exército sírio a 7 de abrilFoto: picture-alliance/Xinhua/A. Safarjalani

Mas os investigadores têm uma tarefa difícil pela frente. Por um lado, os poderes ocidentais anteciparam as conclusões, alegando a existência de provas do uso de armas químicas para justificar os ataques deste sábado. Por outro lado, a equipa da OPAQ terá também de lidar com a possibilidade de as provas já terem sido retiradas do local – uma área controlada pela polícia militar russa e forças governamentais sírias durante a semana passada.

"É preciso ter essa possibilidade sempre em conta e os investigadores vão procurar provas de manipulação do local do incidente", diz Ralf Trapp, consultor e membro de uma anterior missão da OPAQ à Síria.

"A equipa chegou a Damasco no sábado e vai a Douma no domingo", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sírio Ayman Soussan à AFP. A declaração surgiu depois de o regime de Bashar al-Assad ter anunciado o controlo de todas as áreas rebeldes do leste de Ghouta depois da saída dos últimos rebeldes da Douma.

"Vamos deixar a equipa fazer seu trabalho de forma profissional, objetiva e imparcial e longe de qualquer pressão [das autoridades]", afirmou, considerando que os resultados demonstrarão que são falsas as alegações de que é o regime sírio o culpado dos ataques.

A missão recebeu um convite do Governo sírio, sob pressão da comunidade internacional, que nega a autoria do ataque.

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