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FutebolSão Tomé e Príncipe

São Tomé: Futebol vive momento mais crítico da sua história

Ramusel Graça
17 de janeiro de 2023

Dezassete clubes de futebol são-tomense denunciaram buraco financeiro nas contas da Federação de Futebol. Dizem que o relatório financeiro enviado à FIFA esconde um desfalque financeiro avaliado em centenas de dólares.

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Sao Tome und Principe Frauenfussball
Foto: DW/R. Graça

A Federação de Futebol de São Tomé e Príncipe, liderada por Domingos Monteiro, está a ser acusada pelos clubes de má gestão dos fundos que recebe para desenvolver a modalidade no país.

Na última assembleia extraordinária de aprovação das contas referentes a 2020/2021, 17 dos 38 clubes rejeitaram o relatório.

"O documento tem tantas lacunas, que só beneficia a Federação. Os atletas, os clubes e o futebol em si estão cada vez mais a morrer", referiu o porta-voz dos 17 clubes, Posik Nascimento, alegando que as contas apresentadas pela Federação não batem certas. 

"Alguns campeonatos foram realizados, mas os valores elencados não correspondem.  O campeonato referenciado no documento não chegou a ser realizado e os valores são piores. O campeonato sénior feminino [foi avaliado] em 144 mil dólares", afirmou Nascimento referindo ainda que o relatório "esconde um buraco financeiro enorme". 

O campeonato de futebol em São Tomé e Príncipe demora entre seis e sete meses e é disputado entre 38 clubes da primeira, segunda e terceira divisões. O prémio atribuído aos clubes é visto pelos dirigentes como sendo uma injustiça. 

"Dizem que apoiam as 18 equipas da primeira divisão com uma média de 7 mil e tal euros por cada equipa. [Portanto], isso não corresponde a verdade, porque as equipas só receberam 40 mil dobras apenas, [aproximadamente 1.600 dólares]", denunciou Posik Nascimento em nome dos clubes contestatários.

Sede da Federação
Clubes criticam a gestão da Federação de futebol de STPFoto: DW/R. Graça

Federação nega as acusações

Segundo a Federação, o dinheiro é gasto em viagens, aquisição de bens, serviços, equipamentos e meios rolantes, mas os clubes alegam nunca vistos tais coisas na Federação são-tomense de futebol. Tudo isto faz parte das inúmeras irregularidades apontadas no relatório da Globos, a empresa que auditou que os clubes afirmam que não existe. 

Adalberto Catambe, vice-presidente da Federação são-tomense de futebol, nega as denúncias dos clubes. "As nossas contas estão certíssimas. Nós contamos com serviços especializados de auditoria externa, que realiza audição das nossas contas. E consequentemente emite os pareceres e o parecer favorável, aconselhando a assembleia à sua aprovação", disse.  

A FIFA mostra-se preocupada com a situação. Para Atanásio Nkubito, instrutor deste órgão, que recentemente esteve no país, existem vários problemas: "A começar pela administração, depois os dirigentes, é preciso encontramos uma solução".

A insatisfação dos clubes chega numa altura em que está prestes a terminar o mandato de quatro anos da atual direção da Federação São-tomense de Futebol, a 19 fevereiro próximo.

A Federação recebe da FIFA 700 mil dólares e da CAF recebe 300 mil dólare, além de outras outras contribuições para vários programas de desenvolvimento do futebol, mas o dinheiro não serve o desporto rei no país, reclamam os clubes.

São Tomé e Príncipe encontra-se na posição 187 no ranking da FIFA e conta com 8 árbitros internacionais, sendo quatro centrais e quatro assistentes. No entanto, nunca chegou à fase final do campeonato do mundo nem ao Campeonato Africano das Nações (CAN).  

 

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