Sudão: Tribos rivais assinam paz após confrontos violentos
4 de agosto de 2022O pacto foi assinado pelos líderes das etnias hausa e berta sob a supervisão de Mohamed Hamdan Dagalo, vice-presidente do Conselho Soberano de Transição, principal órgão executivo do Sudão, e líder das Forças de Apoio Rápido, uma antiga milícia agora integrada nas Forças Armadas.
O governo do estado do Nilo Azul, onde ocorreram os violentos confrontos em meados de julho, e as próprias Forças de Apoio Rápido também estiveram presentes na assinatura do acordo que, segundo o comandante do corpo militar, Abdul Rahim Dagalo, "é um passo introdutório para uma conferência para anunciar a reconciliação final nos próximos dias".
O acordo envolve o envio de forças militares para a zona de conflito e a abertura de estradas, que foram fechadas pelo conflito.
Disputas tribais
Os confrontos entre hausas e bertas começaram após a morte de um fazendeiro e tinham como pano de fundo disputas tribais relacionadas com a liderança na administração da região.
Durante os três dias de confrontos também houve incêndios e saques em várias cidades, o que forçou o deslocamento de pelo menos 17.000 pessoas, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Além disso, membros da tribo hausa, que está presente em várias partes do Sudão e à qual pertence a maioria dos mortos nos confrontos do Nilo Azul, manifestaram-se em cidades de outros Estados em protestos que deixaram pelo menos três mortos.
A violência entre a miríade de tribos que habitam o Sudão é comum, embora as revoltas tenham aumentado nos últimos meses em plena crise económica e política, esta última causada por um golpe militar em outubro do ano passado que interrompeu um processo de transição democrática iniciado em 2019.