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Confrontos no Sudão fazem mortos e feridos

gcs | Herlander Napoleão | com agências
3 de junho de 2019

Manifestantes sudaneses e testemunhas denunciam que as for­ças de segurança mataram pelo menos 13 pessoas e feriram centenas ao invadir um acampamento de protesto. União Africana pede um inquérito.

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Barricadas feitas por civis para travar entrada de militares no acampamento de protestoFoto: Getty Images/AFP/A. Shazly

O Comité Central dos Médicos Sudaneses descreveu os acontecimentos desta segunda-feira (03.06) em Cartum como um "massacre".

Testemunhas e ativistas denunciam que as forças de segurança sudanesas "varreram" o acampamento dos manifestantes que estão há dois meses à frente do quartel-general do Exército a pedir aos militares que passem o poder aos civis. Imagens divulgadas pela imprensa mostravam colunas de fumo a emergir das ruas da capital.

Militares incendiaram tendas e expulsaram os manifestantes, afirmam testemunhas. Houve ainda relatos de tiros e explosões. E manifestantes montaram barricadas para travar as Forças Armadas. Um deles, ouvido pela agência de notícias Reuters, acusou as forças de segurança de traição - "da polícia às Forças Armadas, passando pela Força de Intervenção Rápida".

Sudan Proteste in Khartum
Militares tentaram desmantelar acampamento de protesto, segundo testemunhasFoto: Getty Images/AFP/A. Shazly

Braço-de-ferro persiste

Os militares sudaneses destituíram o Presidente Omar al-Bashir há quase dois meses, após uma onda de protestos populares. Mas os manifestantes continuam nas ruas, a exigir à junta militar que ficou no poder que dê lugar a um governo de transição formado por civis e com um envolvimento "limitado" de militares.

Mas os generais no poder rejeitam a proposta, e nenhum dos lados dá sinais de ceder. Segundo Philipp Jahn, diretor da fundação alemã Friedrich-Ebert (ligada aos sociais-democratas) em Cartum, "isto tem a ver com o facto de estes grupos estarem, em parte, a ser alvo de pressões externas. Os militares estão certamente a ser pressionados pela Arábia Saudita, pelo Egito e pelos Emirados Árabes Unidos".

"Além disso, nem sempre os grupos da oposição concordam sobre como proceder", acrescenta Jahn.

Confrontos no Sudão fazem mortos e feridos

União Africana pede investigação "imediata"

Depois da "invasão" das forças de segurança esta segunda-feira, os manifestantes voltaram a pedir "liberdade, paz, justiça e poder aos civis" nas ruas de Cartum.

Os movimentos opositores apelaram nas redes sociais à "desobediência civil" em todo o país. Anunciaram ainda que iriam suspender as conversações com a junta militar.

Mas os militares asseguram que não desmantelaram o acampamento dos manifestantes e que "as informações e os vídeos sobre os mortos e os feridos" são falsos.

Segundo o porta-voz da junta militar do Sudão, Shamsaldin Kabashi, as forças de segurança intervieram porque um grupo de "criminosos" entrou no acampamento. A situação foi, entretanto, controlada, e os manifestantes podem regressar ao local, disse ainda o porta-voz.

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, pede uma investigação "imediata e transparente" aos acontecimentos desta segunda-feira. E apela a que manifestantes e militares regressem "urgentemente" às negociações.

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