Subida dos preços asfixia população no Moxico
16 de junho de 2023Os relatos de insatisfação por parte da população no que tange à alteração dos preços dos bens alimentares nos mercados formais e informais do Moxico continuam a aumentar.
O estudante Jedel Tarsis acredita que a desvalorização do kwanza, a distância e a degradação das estradas são três dos fatores na base do problema.
"Os preços subiram, tanto na área alimentar como na área da construção, e a informação que ouvimos é que foi através do dólar, então eis o motivo dos preços também subirem", relata.
"Por outro lado, ouvimos também a subida do preço da gasolina e isso também influenciou. Uma vez que o nosso Presidente [João Lourenço] disse que o leste fica mais distante, então eis o motivo das coisas chegarem aqui e o preço ser exorbitante. Acredito que no Huambo o preço é mais acessível e cá, no Luena, é mais caro através das vias", frisou.
Governo deve estar atento
À DW, o professor Manuel Sapalo pede "mais consideração" por parte dos governantes.
"Comprávamos o arroz a 8 mil kwanzas (cerca de 11 euros), mas agora está a 12 mil kwanzas (16 euros); o óleo também está nos 14 mil (20 euros)", lamenta, admitindo que a subida do custo de vida está a asfixiar os angolanos.
"A maior parte da população é desempregada e está a ser muito complicado para os que não trabalham e até para os que trabalham. [É preciso] que o Governo preste atenção à população", advertiu.
A vendedora Amélia Mendes clama pelo abrandamento dos preços dos produtos da cesta básica. "O Governo também tem que ver as condições que o povo está a passar, porque com a subida do preço da cesta básica o povo também não vai estar bem. Tem que baixar pelo menos os preços ou melhorar as estradas, baixar o dólar, para o povo ficar alegre porque assim também não está bom", recomenda.
Mais fiscalização
Para Agrione Manuel, presidente da Câmara e Comércio no Moxico, a volatilidade do valor da moeda estrangeira é apontada como um dos fatores da alteração de preços dos bens.
"Se até amanhã verificarmos que o dólar baixa, por exemplo, a 50 mil kwanzas (quase 70 euros) ou 60 mil kwanzas (82 euros), vamos dar conta também que os preços vão alterar-se", admite.
Face à realidade, estamos perante um período de inflação? "Sim", responde. "Se olharmos para o Kwanza, está a perder o seu valor em detrimento da moeda estrangeira, logo estaremos a olhar para um indicador de inflação", sublinha. "E aqui lanço um repto ao Gabinete de Desenvolvimento Económico que nessa altura deve colocar a mão pesada na inspeção dos preços", sugere.
O comércio no Moxico é exercido predominantemente por cidadãos do Mali e Eritreia, que diariamente faturam em média cerca de 500 mil kwanzas, perto de 700 euros, com a venda de bens.