Somália: Parlamento destitui primeiro-ministro
25 de julho de 2020Um total de 170 dos 178 parlamentares apoiou a moção de censura e a destituição de Hassan Ali Khaire este sábado (25.07), em Mogadíscio. A decisão foi imediatamente endossada pelo Presidente Mohamed Abdullahi Farmajo, que nomeou o primeiro-ministro em fevereiro de 2017.
Os deputados chegaram à Assembleia Nacional no sábado para trabalhar na organização das próximas eleições nacionais em 2021.
"Depois de saber que o Governo falhou na sua promessa de preparar um plano claro que abrisse caminho para eleições democráticas em 2021, o Parlamento realizou um voto de confiança contra o Governo e o primeiro-ministro Hassan Ali Khaire", disse o presidente do Parlamento, Mohamed Mursal.
"O Presidente da Somália nomeará um primeiro-ministro e um Governo que abrirá o caminho para as eleições", acrescentou o porta-voz.
O gabinete presidencial emitiu uma declaração indicando que Farmajo nomeará um novo primeiro-ministro em breve. "Decidi aceitar a decisão do Parlamento", disse o chefe de Estado no comunicado.
Situação política
O frágil Governo central, presidido por Farmajo, controla apenas uma parte do território da Somália e está a enfrentar a insurgência do grupo terrorista Al-Shabaab, ligado à Al-Qaeda.
A Somália estabeleceu o objetivo de realizar uma eleição nacional de apenas um representante no início de 2021, em oposição a um sistema complexo no qual delegados especiais escolhem legisladores que depois votam no Presidente. A votação em 2121 deve ser primeira a eleição democrática desde 1969.
Khaire, de 52 anos, estava recém-chegado ao cenário político quando se tornou primeiro-ministro, tendo anteriormente ocupado o cargo de diretor do departamento de África da companhia britânica de petróleo "Soma Oil and Gas".
Khaire é membro do clã Hawiye, enquanto Farmajo é do clã Darod, de acordo com o equilíbrio tradicional no topo do executivo da Somália.
O analista político Rashid Abdi, em entrevista à agência de notícias Reuters, considerou que a destituição de Khaire foi inevitável devido às diferenças com o Presidente e a ambição do primeiro-ministro de ser chefe de Estado. "O que foi surpreendente foi a rapidez com que isso foi feito. Não houve debate ou negociações", disse Abdi à Reuters.