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Soluções propostas por José Mário Vaz dividem guineenses

4 de janeiro de 2018

A mensagem à nação feita no final do ano pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, na qual indicava que os próximos dias seriam "decisivos" para o futuro do país, está a suscitar reações por parte dos cidadãos.

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Guinea-Bissau Jose Mario Vaz
José Mário Vaz, Presidente da Guiné-Bissau Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou

Na sua mensagem de Ano Novo, José Mário Vaz apontou o ano de 2018 como o da reconciliação nacional e apelou a todos os cidadãos para unirem aos esforços para a saída da crise política. Disse também serem válidas todas as propostas de saída da crise apresentadas até aqui, nomeadamente, o Acordo de Conacri e o roteiro que o próprio elaborou.

A DW África saiu às ruas de Bissau para ouvir os cidadãos. Algumas das opiniões são diferentes das soluções apontadas pelo chefe de Estado guineense para pôr termo à crise política atual. Apesar de uns acreditarem na solução dos problemas do país em 2018, há quem já não confie nas capacidades do Presidente José Mário Vaz para resolver esta crise político-institucional guineense que já dura há mais de dois anos.

"Eu não acredito piamente nesse Presidente. Ele diz uma coisa hoje e amanhã faz outra. O Governo era para cair antes do Natal. Até esta data não aconteceu nada", diz um cidadão.

Outra guineense ouvida em Bissau mostra-se mais otimista e acredita numa saída para a crise. "Somos todos guineenses, somos irmãos, é só sentarmo-nos à volta de uma mesa para encontrarmos um entendimento. Num país pequeno não faz sentido existir problemas entre nós. Tenho fé e passo todos os dias a orar para o futuro do nosso país", diz.

Guinea-Bissau Bissau Stadt Hauptstadt
Bissau, capital guineenseFoto: Creative Commons/Teseum

"Como qualquer cidadão e amante da sua pátria espero que a Guiné-Bissau conheça dias melhores e que haja estabilidade. Por outro lado, quero que melhorias das condições de vida se reflitam no dia-a-dia das populações", afirma outro habitante na capital.

Outra guineense ouvida pela DW África tem esperança que 2018 seja crucial para sair da crise que se instalou no país há muito tempo. "Qualquer instabilidade política cria enormes dificuldades para o desenvolvimento do país. Por exemplo, a agricultura familiar é um dos ramos principais da economia do país e devido à crise está a provocar inúmeras dificuldades principalmente no seio das famílias, com particular destaque para as mulheres e crianças que estão a sofrer", explica.

"Solução nas mãos do Presidente"

Face ao impasse em que se encontra a Guiné-Bissau, o presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil voltou a responsabilizar o Presidente da República pela crise no país. Jorge Gomes entende que, a solução do problema continua nas mãos de José Mário Vaz.

Soluções propostas por José Mário Vaz dividem guineenses

"Porque ele é que criou esta situação e ele é quem deve acabar com ela. O Presidente deve usar as suas prerrogativas constitucionais junto dos 15 expulsos do PAIGC para que estes possam regressar a casa", defende o presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil.

"Assim o PAIGC retoma a governação e o país torna-se estável. Só assim poderá por exemplo haver mais investimentos e o país poderá viver melhor do que no ano 2017", afirma o Presidente do Movimento Nacional da Sociedade civil guineense.

Legislativas em maio

O secretário executivo da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, José Pedro Sambú, afirmou esta quarta-feira (03.01) que a instituição "está tecnicamente preparada" para realizar as legislativas no mês de maio, se assim for a decisão do Presidente guineense.

O responsável reuniu-se em audiência de trabalho com José Mário Vaz para fazer o ponto de situação da preparação para as eleições, as quais dependem de uma data exata a ser marcada por decreto presidencial.

No passado dia 16 de dezembro, numa cimeira de líderes da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizada na Nigéria, o chefe de Estado defendeu a possibilidade de as eleições serem organizadas em 2019, isto é as legislativas e as presidenciais. No calendário normal, as legislativas devem ter lugar este ano e as presidenciais no próximo.

José Pedro Sambú acredita que José Mário Vaz "está a aguardar pela melhor altura" para anunciar a data da realização das legislativas.

 

 

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