Situação das crianças na Somália cada vez mais dramática
11 de agosto de 2011Já se passaram algumas semanas desde que as primeiras imagens de crianças somalis meio mortas de fome deram a volta ao mundo. Mas, até à data, a Organização das Nações Unidas (ONU), que decretou zona de emergência cinco regiões da Somália, não conseguiu pôr ponto final no flagelo. A assistência de emergência continua a não chegar à população no sul. A milícia radical islâmica, al-Shabaab, que controla a região, não admite a presença de cooperantes das organizações internacionais.
A vice-diretora da ONU para a assistência humanitária, Catherine Bragg, alertou o Conselho de Segurança para o facto da crise ainda não ter atingido o seu auge: "As crianças são as mais afetadas. Para salvar cerca de 1,2 milhões de crianças no sul da Somália é preciso que recebam ajuda imediata. Dezenas de milhares de crianças já morreram e muitas outras ainda vão morrer se não lhes chegar ajuda".
Muitas vezes a fuga é a única possibilidade de sobreviver
Mas os voluntários somalis das organizações de assistência internacionais só têm acesso à população em poucas regiões do país. À grande maioria que padece de fome só resta a via da fuga. Todos os dias chegam milhares de somalis aos campos de refugiados na capital, Mogadíscio e nos países vizinhos. Aqui, pelo menos, começa lentamente a funcionar o abastecimento dos refugiados.
O Programa Alimentar Mundial, por exemplo, enviou rações especiais para crianças fortemente subnutridas para Mogadíscio. As Nações Unidas estimam os custos de um combate duradouro da fome em um milhar de milhões de dólares. O enviado especial da ONU para a Somália, Augustine Mahiga, lançou este apelo: "Peço encarecidamente a ajuda dos membros do Conselho de Segurança. Os governos e as organizações internacionais têm que reforçar a sua assistência para a Somália”. Segundo Mahinga, até agora as Nações Unidas só obtiveram menos de 50% da soma necessitada.
Necessário um reforço das tropas de paz
O enviado especial aponta, mesmo assim, um desenvolvimento positivo: a milícia al-Shabaab retirou-se de Mogadíscio. Pela primeira vez em muitos anos, o Governo de transição tem a possibilidade de ganhar um controlo efetivo sobre a capital. Mas a condição, diz Mahiga, é um reforço das tropas de paz da União Africana: "Continua a haver uma falta de apoio à AMISOM pelas Nações Unidas. A tropa necessita de um financiamento adequado e de longo prazo. Ela precisa de ser capaz de se abastecer autonomamente e o contingente precisa de ser melhor equipado".
Os 9000 soldados estacionados em Mogadíscio são oriundos do Burundi e do Uganda. Já há alguns dias o seu comandante pediu mais 3000 efetivos. Mas mesmo que novos soldados cheguem, beneficiarão apenas a capital. As pessoas no sul continuam a sofrer por causa da fome e do terrorismo dos islamistas.
Autora: Antje Diekhans
Edição: Cristina Krippahl / António Rocha