Sissoco: "MADEM não está acima do Estado da Guiné-Bissau"
21 de junho de 2022O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, avisou nesta terça-feira o líder do Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (MADEM-G15), que o Estado está em primeiro lugar e não o deve confundir o país com um "partido-Estado".
Na segunda-feira, os seguranças de Braima Camaráforam desarmados pelo Ministério do Interior.
"O líder do MADEM-G15 [Braima Camará] sabe que não é colega do Presidente da República. A Guiné-Bissau é um Estado com regras, não é um partido-Estado, onde os partidos ditam as regras", disse o chefe de Estado guineense.
Falando aos jornalistas no final de uma visita às instalações de treino militar de Cumeré, Sissoco Embaló lembrou que, há dois anos, era um dos altos dirigentes do MADEM-G15.
"O partido não é propriedade do coordenador nacional, é um bem coletivo. Eu sou um dos fundadores e fui o terceiro vice-coordenador nacional."
MADEM ataca o PR
Alguns dirigentes do MADEM-G15 acusam publicamente o chefe de Estado de ter abandonado a aliança política que suportou a sua candidatura para aliar-se a Botche Candé, líder do Partido Trabalhista Guineense (PTG).
"Como Presidente da República, não posso aceitar que alguém me guie e não posso ter problemas com nenhum outro líder partidário, porque estou acima de todos os partidos", disse Sissoco Embaló, antes de acusar os 'civis' de criarem desordem no país.
"Nas Forças Armadas, a pirâmide é vertical. Antes de qualquer intervenção pública dos generais, eles têm que pedir a autorização dos seus superiores, mas é difícil lidar com os civis, que gostam de desordem."
Sissoco Embaló negou que tenha chegado ao poder apenas e só graças ao apoio que teve do seu partido, referindo que recebeu apoio dos que agora são os seus novos aliados.
Braima Camará, que esteve ausente do país durante 10 meses, regressou no sábado à Guiné-Bissau. Nas primeiras declarações à imprensa, feitas no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, Braima Camará condenou todos os "atos subversivos" que ocorreram no país "nos últimos tempos", incluindo o ataque ao Palácio do Governo, ocorrido em 01 de fevereiro, que, disse, "envergonhou todos os guineenses".