Sismos fizeram 25.000 mil mortos, mas ainda há esperança
11 de fevereiro de 2023O número de mortos provocados pelos devastadores sismos que atingiram a Turquia e a Síria, na segunda-feira (06.02), ascende aos 25 mil, dos quais quase 22 mil foram contabilizados apenas em território turco, noticiou a agência EFE que cita fontes locais. Com esta nova contagem, o número de feridos subiu para 85.380 nos dois países.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou também que o número de mortos na Turquia subiu para 21.848, enquanto o número de feridos é de 80.104.
Na contagem na Síria pouco mudou em relação aos números apresentados na véspera, tanto pelo governo do Presidente Bashar al-Assad quanto pelo grupo de resgate Capacetes Brancos, que atua em áreas de oposição ao regime no noroeste do país. O número de mortos na Síria é de 3.553, dos quais 2.166 registaram-se nas zonas rebeldes. Há 5,3 milhões de desalojados.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, anunciou este sábado (11.02) na cidade Síria de Aleppo, a chegada de "quase 37 toneladas de suprimentos médicos de emergência".
Ghebreyesus chegou ao aeroporto de Aleppo para visitar vários hospitais e abrigos com o ministro da saúde e o governador da província, reportou a agência noticiosa estatal Sana. "Isto vai contribuir para uma ajuda de emergência aos afetados" pelos sismos, disse, acrescentando que se trata dos primeiros socorros e que se prevê a chegada de mais de 30 toneladas adicionais no domingo (12.02).
"A visita de Ghebreyesus é importante para constatar os danos causados pelo terramoto, bem como a falta de equipamentos médicos e medicamentos nos hospitais", disse o ministro da Saúde sírio, Hassan al-Ghabach.
67 pessoas encontradas com vida
Na Turquia, apesar de as equipas de resgate continuarem a trabalhar, nas últimas 24 horas apenas 67 pessoas foram encontradas com vida, incluindo um bebé de dois meses, enquanto o número de cadáveres recuperados sob os escombros está a crescer.
Mais de 13 milhões de pessoas viviam na área afetada em solo turco em dez províncias e teme-se que milhares de vítimas ainda se encontrem debaixo dos escombros. Entre os sobreviventes, a situação é muito complicada. Um milhão de pessoas ficaram desalojadas - segundo dados oficiais - numa grande área do sudeste do território turco, que é maior que um país como Portugal.
Por outro lado, na Síria, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de cinco milhões de pessoas foram afetadas em todo o país pelos sismos, enquanto mais de 300.000 "ficaram desalojadas" em apenas duas das províncias atingidas pelos terramotos.
Nas áreas opositoras do noroeste sírio, os Capacetes Brancos declararam este sábado (11.02) o fim das operações de busca por sobreviventes, depois de não encontrarem sinais de vida debaixo dos escombros desde quinta-feira.
Nessas zonas, chegou este sábado um comboio com ajuda humanitária das Nações Unidas através de uma passagem fronteiriça com a Turquia, no terceiro carregamento enviado desde o sismo de segunda-feira e o primeiro com abastecimentos específicos para os afetados pelo sismo.
O primeiro comboio de ajuda humanitária da ONU chegou ao noroeste da Síria na última quinta-feira (09.02), quase quatro dias após os sismos que devastaram a região.
Detenções
Uma dezena de pessoas ligadas à indústria de construção foram detidas na Turquia, após o colapso de milhares de edifícios no sul do país, adianta a Agência France-Presse, citando media locais.
Entre os detidos encontram-se um empresário da província de Gaziantep e 11 pessoas da província de Sanliurfa, segundo a agência turca DHA.
O colapso brutal dos edifícios, que denuncia a sua má construção, reduzindo as hipóteses de sobrevivência dos seus residentes, suscitou a revolta no país. Esperam-se ainda mais detenções, depois do procurador de Diyarbakir, uma das dez províncias afetadas pelo desastre, anunciar que emitiu 29 mandados de prisão, informa a agência oficial Anadolu.
Segundo esta fonte, um dos detidos é um empresário que construiu os edifícios em Gaziantep e foi detido em Istambul.
Várias investigações foram iniciadas pelos procuradores nas províncias atingidas, como Kahramanmaras, onde o distrito de Pazarcik foi o epicentro do sismo.
O Ministério da Justiça turco ordenou aos procuradores das dez províncias que abram "escritórios de investigação de crimes relacionados com terramotos".
Na sexta-feira (10.02), a polícia deteve no aeroporto de Istambul um empresário da província de Hatay, cuja luxuosa residência renascentista desabou completamente sobre os seus habitantes.