Turismo: Moçambique e Guiné-Bissau otimistas
4 de março de 2016O artista moçambicano Mom’s, há oito anos em Portugal, expõe as suas obras no Pavilhão de Moçambique na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que espera receber até este domingo (06.03) mais de 72 mil visitantes. Há três anos que participa no evento, para o qual traz sempre um pouco da cultura moçambicana.
Desta vez aposta na internacionalização da capulana, tecido de padrão tradicional, que usa para embelezar e personalizar várias peças. Mom´s revela que tem novos desafios: "Olha, a capulana faz muita coisa, desde a cama dos meus papás até a decoração das nossas casas. Mas, no meu caso em particular, eu trabalho na capulana, [fazendo] desde acessórios chaveiros, chinelos, na roupa…, e mais recentemente também estou a trabalhar numa linha de mobiliário sobre a capulana."
A arte de Mom’s é um dos atrativos entre as ofertas que Moçambique mostra nesta 28ª edição da BTL. É um destino turístico com muito ainda por descobrir. A prioridade do Executivo moçambicano no plano quinquenal contempla sobretudo o desenvolvimento de infraestruturas para o setor, como forma de atrair investidores.
Moçambique: um turismo estratificado
Nuno Fortes, do Instituto Nacional do Turismo de Moçambique, indica haver já zonas identificadas como prioritárias, onde o desenvolvimento da atividade turística será mais acentuado. Uma destas zonas, no sul do país, é Maputo, cidade para turismo de negócios.
Fortes esclarece que "tudo que é desenvolvimento de hotéis de padrão internacional, salas de conferência do melhor que se pode encontrar, isso no caso de Maputo. No caso de Vilankulo, na província de Inhambane, é uma zona que vai dedicar-se mais ao turismo de sol e mar, desportos ligados ao mar. Depois temos a zona da Gorongosa e de Manica, que é mais para turismo de natureza e aventura."
Entretanto, as autoridades moçambicanas, segundo Nuno Fortes, não ignoram o efeito negativo para o turismo, provocado pelas tensões entre a FRELIMO, partido no poder, e a RENAMO, principal força da oposição, nas zonas consideradas problemáticas: "Mas, eu quero acreditar que é uma coisa localizada, portanto está numa zona muito específica e é uma coisa passageira, porque estão a ser envidados todos os esforços a nível nacional e internacional."
O funcionário do Instituto do Turismo garante ainda que "o próprio moçambicano em si não está para voltar à guerra. Por mais que haja alguém que queira, de alguma forma, desenvolver esse cenário não terá pernas para andar, porque nós estamos num mundo de paz."
O turismo é uma indústria da paz e tais conflitos não irão afetar os planos do Governo, acrescenta Nuno Fortes.
Guiné-Bissau: autoridades com muitos planos
A instabilidade política que se regista na Guiné-Bissau não favorece o desenvolvimento, mas também não impede a ação do atual Executivo. O ministro do Turismo e do Artesanato, Malam Jaurá diz que "a instabilidade é adversa à atração de investimento, mas a Guiné-Bissau está em mutação, está a modernizar-se, não obstante esta instabilidade que tem estado a afetar o país. O país tem potencialidades, aposta em modernizar-se, criando um ambiente propício para negócios e atração do investimento externo."
E Jaurá conclui destacando pontos fortes que podem contribuir para o alavancamento do turismo na Guiné-Bissau: "É um país que está muito bem colocado na sub-região [da África Ocidental], porta de entrada para mais de 200 milhões de consumidores, etc. e está a preparar-se também para ser uma plataforma ideal de parceria público-privada."
Um dos trunfos é a aposta no ecoturismo. "O país tem uma diversidade ecológica fantástica", sublinha o ministro guineense, que esta quarta-feira (02.03.) assinou um acordo com o Governo português para a formação profissional e promoção nesta área.
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe também vieram promover as respetivas potencialidades. De acordo com a Direção de Turismo e Hotelaria são-tomense, que traz as 7 maravilhas do arquipélago, tem aumentado nos últimos tempos o número de turistas alemães nas ilhas do Equador.
Os três PALOP dividem o espaço internacional, entre outros, com o Brasil, país convidado desta edição, que se prepara para realizar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a ter lugar no Rio de Janeiro, de 5 a 21 de agosto deste ano. Angola não se fez representar nesta edição.