Segurança no centro da cooperação Cabo Verde - Portugal
17 de junho de 2016O anúncio foi feito esta sexta-feira (17.06) pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, em Lisboa, no âmbito da primeira visita oficial que o chefe do Executivo efetua ao estrangeiro desde que assumiu o cargo, a 22 de abril, após a vitória do Movimento para a Democracia (MpD) nas eleições legislativas de março.
A cimeira bilateral entre Cabo Verde e Portugal, prevista para dezembro deste ano, na Cidade da Praia, colocará em primeiro plano as áreas estratégicas já tradicionais como a economia, educação e saúde, com destaque para o setor da segurança.
Cabo Verde seguro
Em Lisboa, onde estará até à próxima segunda-feira (20.06), o primeiro-ministro cabo-verdiano destacou o esforço nacional no combate ao narcotráfico, ao terrorismo e ao crime organizado, que constituem “grandes ameaças ao desenvolvimento do país”. Correia e Silva garante que Cabo Verde tem uma “estratégia consistente” neste domínio, contando com a cooperação da União Europeia e dos Estados Unidos.
A segurança no plano interno e a nível regional é uma das principais preocupações do Executivo. Segundo Correia e Silva, o objectivo é “tornar Cabo Verde um país seguro no contexto da sua localização”.
“Para além de pretendermos ter um papel útil, pretendemos também ter a nossa zona e o nosso país seguros. Por isso, a questão da segurança é uma centralidade”, sublinha, acrescentando que “todos os países colocam hoje a questão da segurança no centro das suas atenções e Cabo Verde não pode ser uma exceção”. E isso, diz Ulisses Correia e Silva, “pressupõe programas de capacitação para a reorganização das forças de segurança e boas alianças com parceiros como Portugal”.
“Vamos trabalhar com a cooperação portuguesa no sentido de reforçarmos toda a componente de segurança do país”, garante o chefe do Governo de Cabo Verde. No entanto, deixa a ressalva: “Não é para lançar nenhum alarme ou dramatizar a situação. Cabo Verde é um país seguro, mas vivemos num mundo cada vez mais complicado relativamente a ameaças de diversas naturezas e temos de garantir o futuro próximo do país”.
Narcotráfico é inimigo “universal”
Esta sexta-feira, Ulisses Correia e Silva encontrou-se com o homólogo português, António Costa, entre outras entidades do país, com quem discutiu a cooperação bilateral e multilateral - matérias que fazem parte dos contactos oficiais para a preparação da comissão mista que tem lugar em dezembro, em Cabo Verde.
Em declarações à imprensa, António Costa defendeu o reforço da cooperação bilateral, abrangendo ações conjuntas de combate ao narcotráfico. “Infelizmente, é um fenómeno universal e, portanto, tem que haver uma grande cooperação internacional”, sublinhou o primeiro-ministro português. “No âmbito do plano estratégico de cooperação [com Cabo Verde] esse será um pilar importante a ser considerado. É um vasto domínio de cooperação bilateral que vem do passado e que vai seguramente prosseguir no futuro”.
Os ministros da Administração Interna dos dois países estiveram a trabalhar nesta matéria, esta quinta-feira (16.06), na sequência de uma recente visita de avaliação a Cabo Verde de autoridades judiciárias e da polícia criminal portuguesas. O próximo programa de cooperação abrange pontos como a vigilância de fronteiras, o combate ao tráfico de droga, e projetos de policiamento de proximidade e comunitário.
Moderação nas palavras
Ulisses Correia faz-se acompanhar dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, da Administração Interna, Paulo Rocha, bem como do titular da pasta da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente.
Questionado pela DW África acerca da sua opinião quanto à candidatura da Guiné-Equatorial à presidência da União Africana (UA), o chefe do Governo cabo-verdiano evitou particularizar o seu comentário, por considerar que cada país tem as suas pretensões legítimas. “No momento certo teremos o nosso posicionamento”, garantiu.
“No fundo, antes de falarmos da pretensão legítima de cada um dos países, queremos que a União Africana realmente seja um instrumento útil, pró-ativo no processo de afirmação dos países africanos e de África neste mundo globalizado. A partir daí, vamos ver quais serão os melhores perfis para assumir o comando da União Africana”, conclui Correia e Silva.
A eleição da nova presidência da Comissão da UA tem lugar na 27ª cimeira da organização, prevista para o mês de julho, em Kigali, no Ruanda. O chefe da diplomacia da Guiné-Equatorial, Agapito Mba Mokuy, disputa a corrida à liderança da organização com o seu homólogo do Botswana, Pelonomi Venson-Moitoi, e com a antiga vice-presidente do Uganda, Specioza Wandira Kazibue, que também pertence ao comité de Sábios da UA.