1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Seca castiga mais de 700 famílias no sul de Angola

Anselmo Vieira (Lubango)
13 de novembro de 2017

Autoridades provinciais do Cunene admitem não ter capacidade de resposta à seca que assola aquela região e apelam ao Governo central. Cidadãos falam em mortes causadas pela fome.

https://p.dw.com/p/2nWNj
A estiagem é uma situação frequente no sul de Angola há muitos anos (foto de arquivo/2013)Foto: DW/A. Vieira

Mais de 700 famílias na província do Cunene estão afetadas pela seca que assola a região sul de Angola, segundo o governador da província, General Kundi Paihama. A autoridade provincial alerta que, a nível local, não existem meios para acudir a população castigada e diz que vai pedir ajuda ao Governo central.

"Criámos um grupo de trabalho para fazer um estudo mais detalhado com a colaboração dos técnicos,  especialistas, mas tem de ser o mais rapidamente  possível.  Vamos atacar não so a partir das nossas forças . Penso que também temos de pedir socorro  ao Governo central, porque não temos meios", esclarece.

O bispo católico da Diocese de Ondjiva, capital da província do Cunene, Dom Pio Hipunhaty, diz que não há alimentos para as pessoas e nem para os animais, "assim como falta água a mais de meio milhão de pessoas afetadas".

Famílias migram para áreas menos afetadas pela estiagem

Dürre in Angola Bevölkerung
Região de Curoca, no Cunene, é uma das mais castigadas pela estiagem no sul angolano (foto de arquivo/2016)Foto: DW/A.Vieira

Perante as dificuldades, diz o bispo de Ondjiva, muitas pessoas optam pela migração, principalmente para "as margens do rio Cubango, Cunene e Cuvelai,  onde ainda se pode encontrar algum alimento para o gado e alguma água".

"As pessoas transferem-se para aquelas zonas, sobretudo os homens, para que o gado não morra. Isto faz com que os jovens em idade escolar abandonem as áreas tradicionais de residência, o que cria um estrangulamento social", conta o religioso, destacando o facto de os jovens deixarem a escola por causa da seca.

Israel José, de 58 anos, é funcionário público na localidade do Curoca, região mais prejudicada pela seca. Ele diz que a estiagem está a obrigar muitos cidadãos, incluindo crianças, a abandonarem as suas casas nas zonas rurais em busca de trabalho nas cidades.

"As pessoas estão a abandonar as suas casas para as áreas urbanizadas, onde prestam trabalhos indecorosos, pesados. Até mesmo crianças abandonaram as suas aldeias e estão a trabalhar pesado, a fazer transportação de terra, de pedra, de areia, água. Também ajudam as vendedoras nos mercados paralelos para terem algo para comer", denuncia o morador do Curoca.

13.11 Fome no Cunene - MP3-Mono

Vítimas fatais

De acordo com Israel José, a fome já causou vítimas mortais devido à má nutrição. "As doenças oportunistas que encontram os organismos debilitados levam a vida das pessoas a origem disto é mesmo a fome, temos muitas pessoas que já morreram a fome".

Maria Custódio Isabel da Silva, de 53 anos, professora no município de Curoca, também testemunhou a falta de alimentos. "Neste momento há pessoas que já não comem, estão mesmo com fome e haverá mais fome em todas as comunas", alerta.

O ativista Josefa Tchivela apela à implementação de medidas para combater o problema. "É preocupante, muito preocupante. É necessário que haja programas que possam ultrapassar ou então reduzir em definitivo estas situações".

Saltar a secção Mais sobre este tema