Samakuva quer conversar com Eduardo dos Santos antes das eleições
30 de agosto de 2012O líder do partido oposicionaista angolano UNITA, Isaías Samakuva, disse que vai pedir um encontro com o presidente do partido no poder, José Eduardos Santos, para propor o adiamento das eleições gerais, marcadas para sexta-feira (31/8). "Vamos propor um encontro com candidato José Eduardo dos Santos para mais uma vez resolvermos esta situação", afirmou Samakuva a jornalistas angolanos e internacionais.
Conforme reportagem da agência Lusa, na presença de centenas de apoiantes, nas instalações do partido em Viana, arredores de Luanda, Samakuva acrescentou que o documento deve ser entregue nesta quinta-feira, véspera da votação. "Temos privilegiado o diálogo. A nossa vontade e o nosso interesse é preservar a paz", prosseguiu o líder do maior partido de oposição, garantindo que, se as partes falarem, "a paz e a estabilidade são possíveis".
"Se acharem que não é necessário, então, nessa altura, não podemos ser responsabilizados pelo que vier a acontecer", afirmou. A UNITA tem alertado, ao longo da campanha, para irregularidades no processo eleitoral. "Este é o pior processo eleitoral de sempre. Se foi deliberado, não posso dizer, mas não há condições para as eleições, insistiu o dirigente político, que disse ter ouvido relatos de "coisas incríveis" e ter provas delas."
Interesse em participar
O Secretariado Político da UNITA esteve reunido entre a chegada de Samakuva, proveniente da província do Bié, e a proclamação do que considerou uma "importante declaração aos angolanos". "Queremos assumir as nossas responsabilidades perante os angolanos e o mundo", disse ainda Samakuva, acrescentando que o seu partido tem "todo
o interesse" em participar nas eleições, desde que se corrijam os erros e se respeite a lei.
O MPLA fez a sua derradeira e maior demonstração de força na campanha para as eleições gerais em Angola, no estádio 11 de Novembro, construído para o Campeonato Afircano das Nações, em 2010. Nos arredores da capital angolana, muitos apoiantes foram transportadas em centenas de autocarros fretados pelo partido para um evento transmitido em direto pela televisão pública.
"Montou-se um gigantesco cenário futurístico, com muitos efeitos, cores e sons. Depois transportaram-se os figurantes para o local – milhares de mulheres da Organziação da Mulher Angolana (OMA) e da Juventude do Partido (JMPLA). Eram 10 horas da manhã e todos esperavam o actor principal, o presidente José Edurado dos Santos", descreve o enviado especial da DW, António Cascais.
Campanhas desiguais
Antes de o presidente chegar, houve muitos discursos patrióticos de elogios e até cantigas dirigidos ao presidente. José Eduardo dos Santos chegou ao palco com duas horas de atraso, ovacionado por gritos de apoio "Zédu" da multidão que ainda canta os parabéns pelos seus 70 anos, celebrados na terça-feira. "Os slogans de José Eduardo dos Santos pouco ou nada variaram ao longo destes 32 anos que ele está no poder", sublinha Cascais.
A Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), de Abel Chivukuvuku, tinha planeado uma marcha de encerramento de campanha em Luanda, mas houve alguma confusão e desinformação e a marcha acabou por não se realizar nos moldes pretendidos. "Alguns observadores mostraram-se decepcionados com este encerramento", destaca o enviado da DW.
O Partido da Renovação Social (PRS),fez comícios no interior do país, sobretudno nas duas províncias das Lundas. Para Cascais, porém, os pequenos partidos tem pouca visibilidade em Luanda e não foi diferente no encerramento da campanha.
Autor: António Cascais / Agência Lusa
Edição: António Rocha / Marcio Pessôa