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SADC alarga missão militar conjunta em Cabo Delgado

Lusa | AFP
5 de outubro de 2021

Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) aprovou, em Pretória, a continuidade da missão militar conjunta da África Austral no combate ao terrorismo na região de Cabo Delgado, em Moçambique.

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Militares da SADC em Cabo DelgadoFoto: DW

"A Cimeira aprovou a extensão da SAMIM [Missão da África Austral em Moçambique] para continuar com as ações ofensivas contra extremistas violentos e terroristas em Moçambique", anunciou esta terça-feira (05.10) o Presidente do Botswana, Mokgweetsi Masisi, sem precisar detalhes.

O chefe de Estado falava no final de uma Cimeira Extraordinária da Troika do Órgão da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral mais a República de Moçambique, presidida pelo Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, realizada hoje na capital do país, Pretória.

A SAMIM (sigla inglesa da Missão da SADC em Moçambique)  chegou ao terreno em 09 de agosto para "combater atos de terrorismo e extremismo violento na Região Norte da Província de Cabo Delgado" com um mandato inicial até ao fim a 15 de outubro de 2021. 

Imagens das tropas sul-africanas em Cabo Delgado

Consolidar resultados no terreno

Após a cimeira, o Presidente moçambicano fez uma avaliação positiva e disse que o prolongamento da missão militar da SADC no norte do país visa esclarecer a situação no terreno e consolidar os avanços sobre os insurgentes. "A decisão de hoje de prolongarmos o período de estadia da tropa da SADC visa simplesmente esclarecer" a situação, referiu. 

"As posições foram ocupadas, precisamos de esclarecer, fazer a limpeza total e depois consolidar", descreveu, numa alusão à necessidade de clarificar se há grupos insurgentes à solta e, nesse caso, detê-los. "Depois vai seguir-se a fase da construção", rematou, sem mais detalhes. 

"Estamos satisfeitos e agradecemos durante a sessão o apoio dos países da SADC e a esperança que estão a dar ao povo moçambicano. A situação melhorou significativamente em Moçambique" graças à ação militar, "juntamente com tropas de outros países que nos estão a apoiar", disse. 

O Presidente Masisi também referiu que a extensão da missão militar conjunta da SADC em Cabo Delgado visa "consolidar a estabilidade da segurança, criar um ambiente propício para o reassentamento das populações, e facilitar as operações de assistência humanitária e o desenvolvimento sustentado".

Cabo Delgado: Famílias deslocadas começam a retornar

Ajuda humanitária

"A Cimeira instou os Estados membros, em articulação com as agências humanitárias, a continuarem a ajuda humanitária às populações afetadas pelos ataques terroristas, incluindo os deslocados internos", adiantou.     

Os líderes regionais da África do Sul, Botswana, Namíbia e Moçambique, que participaram na Cimeira, manifestaram também o seu "apoio incondicional" a Maputo nos "esforços para alcançar a paz e segurança em alguns dos distritos do centro e norte da província de Cabo Delgado", segundo o líder regional.

O Presidente do Botswana sublinhou ainda que "o Governo de Moçambique agradeceu o apoio regional [SADC] na luta contra o terrorismo", acrescentando que "a Cimeira elogiou os esforços do Presidente Ramaphosa pela sua liderança".   

A Cimeira foi convocada pelo Presidente Cyril Ramaphosa na qualidade de presidente do Órgão da SADC para Cooperação em Política, Defesa e Segurança, segundo o ministério das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano.

Mosambik | Besuch Filipe Nyusi und Paul Kagame in der Provinz Cabo Delgado
Presidente do Ruanda, Paul Kagame (esq.), e o seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, em Cabo DelgadoFoto: Simon Wohlfahrt/AFP/Getty Images

Militares no terreno

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, com mil militares, a que se juntou depois a SADC permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas de Cabo Delgado onde havia rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.

A dimensão total da força do destacamento regional da SADC não foi revelada, mas a África do Sul tem o maior contingente de cerca de 1.500 soldados. No fim-de-semana, a SADC avançou que as suas forças tinham abatido um líder jihadista local e 18 combatentes durante um ataque numa das suas bases.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

Artigo atualizado às 18h45 do Tempo Universal Coordenado (UTC) com as declarações do Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi.