S. Tomé e Príncipe vive dificuldades no acesso a água
20 de julho de 2012
No arquipélago vivem-se situações caricatas. Se, por um lado abunda água nas ilhas, por outro mais de 1/3 da população está privada deste recurso básico. E não é necessário ir às comunidades rurais para se testemunhar que a população se confronta com dificuldades no abastecimento de água potável. Nos bairros e localidades situados nas imediações da cidade capital, S. Tomé, o fornecimento de água é conturbado.
As crianças e as mulheres são quem mais sofre com esse problema. Ouvida pela DW África, uma mulher são-tomense explicou que “a água corre dia sim, dia não”. E “levanta-se à 1 hora da manhã porque às 4 ou 5 horas a água é cortada. Depois temos que ir a Pantufo bater às portas das casas para pedir água”.
A água que se consegue armazenar, quando é disponibilizada, não chega para as tarefas durante o dia-a-dia. Por isso, muitas mulheres têm de ir lavar a roupa ao rio, como acontece com Preta, que vive em Ganda, a cerca de quatro quilómetros da capital. Outras mulheres que residem em Micoló, distrito de Lobata, a norte da ilha de S. Tomé, estão um pouco mais confortáveis, pois em casa têm água através de uma mangueira.
Mas a poucos metros, na comunidade de Fernão Dias (no mesmo distrito de Lobata), depois dos protestos dos habitantes, que incluiu barricadas também por causa do estado em que estava a estrada, foi encontrada uma solução transitória.
O habitante Carlos Noronha explicou que se pôs “a questão ao governo, que disse que há um projeto em curso para levar água àquela localidade. Como alternativa, o goveno distribui água através do auto-tanque dos bombeiros, dia sim dia não. E têm cumprido, os bombeiros vêm aqui, e a gente põe a água em recipientes”, esclareceu.
Autoridades anunciam melhorias na regularização em três anos
Do lado do governo, Lígia Barros, diretora dos Recursos Naturais e Energia, advoga que têm havido melhorias. Segundo a responsável daquele órgão ministerial, “agora já mais de 38% da população tem água potável. Para uns a água é corrente 24 sob 24 horas, para outros ainda não é possível, mas já há acesso a água potável”.
De acordo com a diretora dos Recursos Naturais e Energia, “nas zonas rurais já se está a proceder a uma melhoria nos sistemas de abastecimento de água. Temos estado a proceder à sua sensibilização para que a própria população possa, de uma forma sustentável, manter esses sistemas por um longo tempo da sua vida útil”.
Questionada pela DW África, Lígia Barros, cautelosa, não se quis comprometer com datas para a conclusão de várias ações que poderiam permitir o acesso à água a cerca de 70% da população. Mas o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, numa grande entrevista concedida à imprensa estatal avançou prazos.
Segundo Trovoada, será regularizada, “dentro de 36 meses, a situação da água, pelo menos para Lobata [norte], Água Grande [leste], Mé-Zochi [centro], Cantagalo [sudeste] e Santana [no distrito de Cantagalo]. Temos que encontrar uma solução, de facto, para a situação para Santana. Nós teremos a situação da água não a 100% mas com significativas melhorias”.
O país está comprometido em alcançar as metas propostas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e vai vulgarizar a política regional da água com vista ao desenvolvimento.
Autor: Juvenal Rodrigues (S. Tomé)
Edição: Glória Sousa / António Rocha