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Igualdade de géneroRuanda

Ruanda: Ativistas feministas pressionam pelo fim do sexismo

Alex Ngarambe
4 de abril de 2023

Ativistas feministas querem que o setor privado pare imediatamente a "comunicação sexista" no Ruanda. Queixam-se do uso de mulheres como ferramentas de marketing por parte de empresas e instituições com fins comerciais.

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Foto: Getty Images/A. Joyce

Feministas e o gabinete de monitorização de género do Governo querem que a Federação do Setor Privado ponha fim à "comunicação sexista" de empresas e instituições que usa mulheres como ferramenta de marketing.

Ativistas criticam a presença permanente de mulheres ruandesas em anúncios, por exemplo, em eventos internacionais que promovem o país.

Para Josine Umuhoza, ativista radicada em Kigali, o argumento de que as mulheres que aparecem nesse tipo de comunicação são maiores de idade não significa que a lei seja omissa e que não sejam exploradas.

"Sim, existe uma lei no Ruanda que regula a comunicação sexista. A lei baseada no género foi aprovada em 2008 e aborda especificamente essa questão. A comunicação sexista é definida como qualquer comunicação ou ato que promova estereótipos de género, prejudique a dignidade das mulheres e perpetue a violência de género", explica.

O Ruanda tem sido aplaudido por estar entre os países africanos que defendem a igualdade de género. Mas Umuhoza, lamenta que a comunicação sexista esteja a prosperar no país.

"A exploração ocorre quando alguém se aproveita das vulnerabilidades ou da falta de poder de outra pessoa para se beneficiar. No caso dessas mulheres, podem estar a participar nos anúncios porque precisam do dinheiro, mas podem não ter real noção das implicações", refere.

Weltfrauentag Symbolbild
Ruanda tem sido aplaudido por estar entre os países africanos que defendem a igualdade de géneroFoto: Sachelle Babbar/Zumapress/picture alliance

A discussão divide opiniões: de um lado feministas que defendem que ‘sim', que se trata de exploração; do outro lado, juristas que dizem que o gabinete do Governo está a desviar-se dos seus principais objetivos, ou seja, monitorizar a política de género e questões que afetam as meninas.

Para Louis Gitinywa, especialista em direito constitucional, a nova campanha do gabinete de monitorização de género é um artifício para desviar as atenções do público e insta o gabinete governamental a parar de policiar a sociedade.

"A principal missão do gabinete é garantir que as instituições, a sociedade civil e o setor privado ruandês cumpram os compromissos de género", indica.

O advogado insiste que no Ruanda não há uma lei que regule a comunicação sexista, e explica: "porque a comunicação sexista faz parte da cultura dos EUA, onde se pode chamar alguém de sexista com base na suposição ou na forma como se expressa. Portanto, não temos esse tipo de disposições, mas se alguém usar uma comunicação sexista, pode ser processado por difamação",

A DW procurou a Federação do Setor Privado do Ruanda, que se recusou a dar declarações sobre o tema.