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Cuando e Cubango: Risco de cólera expõe problema nas escolas

Adolfo Guerra (Menongue)
23 de janeiro de 2025

Angola está a braços com um surto de cólera. Nas províncias do Cuando e Cubango, pais e professores no pedem melhorias nas condições de higiene escolar para prevenir o avanço da doença e proteger as crianças.

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Acumulação de lixo nas escolas do Cuando e Cubango expõe graves problemas de higiene e preocupa pais e professores.
Surto de cólera em Angola afeta mais de 670 pessoasFoto: Adolfo Guerra/DW

Angola está a lidar com um surto de cólera que já afetou mais de 670 pessoas. Nas províncias do Cuando e Cubango, pais e encarregados de educação manifestam grande preocupação perante a propagação da doença.

O surto expôs as fragilidades das condições de higiene em várias escolas da região. De acordo com Mwene Bailundo, encarregado de educação, muitas escolas enfrentam uma grave falta de infraestruturas básicas.

"A falta de casas de banho em determinadas escolas leva os alunos a fazer necessidades nos arredores dos recintos escolares, procurando algumas matas para defecar e urinar. Isto é um verdadeiro atentado contra a saúde", afirmou.

Cartoon de Sérgio Piçarra sobre surto de cólera em Angola
Foto: Sérgio Piçarra

O Ministério da Saúde revelou que o grupo etário dos 2 aos 9 anos contabiliza mais de 150 casos confirmados e, até ao momento, pelo menos 10 óbitos.

António Correia, outro encarregado de educação, destacou que não apenas os alunos, mas também os professores enfrentam condições insalubres. "Numa altura em que ocorre a proliferação do surto de cólera no nosso país, é lamentável", lamentou.

Higiene nas escolas

O professor Piedoso Nkeke atribui grande parte da responsabilidade ao Estado, devido à falta de condições de higiene nas escolas. "É obrigatório que as entidades legais e legítimas criem políticas para o cuidado da saúde pública", apela.

Contudo, Nkeke sublinha também a necessidade de uma mudança de comportamento por parte das comunidades, alertando para os riscos de sobrecarga nas instituições de saúde.

"Aliás, a saúde não mora nos hospitais, mas sim nas comunidades, e a escola é uma comunidade, sob pena de declinarmos uma catástrofe de saúde e um desencorajamento em relação às escolas por parte das crianças", destaca.

Lixo nas escolas no Cuando e Cubango
Acumulação de lixo nas escolas do Cuando-Cubango expõe graves problemas de higiene e preocupa pais e professores.Foto: Adolfo Guerra/DW

O Governo angolano comprometeu-se a controlar o surto até março, tendo já implementado centros de tratamento e hidratação nas áreas mais afetadas. Entre as medidas anunciadas estão o abastecimento de água potável, a remoção de focos de lixo e a realização de campanhas de sensibilização para a saúde nas comunidades.

Apesar destas promessas, André Hossi, funcionário público, insiste na necessidade de ações mais céleres e eficazes. "Para que esta situação seja ultrapassada, o governo local deve criar condições para resolver estas debilidades nas escolas, uma vez que estamos confrontados com a ameaça da proliferação da cólera, que se torna mais alarmante a cada dia", alerta.