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Renamo exige que governo cumpra acordo de paz

6 de março de 2012

A presença de homens armados da Renamo nas ruas de Nampula é uma forma de revindicar o cumprimento, na íntegra, do Acordo Geral de Paz alcançado em 1992, justifica o considerado maior partido da oposição moçambicana.

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Afonso Dlhkama é o presidente da RENAMOFoto: Ismael Miquidade

Há sensivelmente dois meses que a cidade de Nampula, na província nortenha de mesmo nome, vive uma tensão porque os militares desmobilizados armados da Renamo ameaçam levar a cabo uma manifestação. Além disso, na última semana, fizeram-se presentes de forma massiva na Rua dos Sem Medo - onde fica a sede da formação partidária -, deixando a população com medo.

Mas, por outro lado, igualmente na última semana, as forças de segurança subordinadas ao governo liderado pela Frelimo também aumentaram a presença nas ruas da chamada Capital do Norte.

De acordo com a edição desta segunda-feira (05.03) do jornal online moçambicano O País, os antigos militares da Renamo têm estado a cometer algumas violências. Lembramos, entretanto, que uma tentativa do líder deste partido, Afonso Dhlakama (na foto que ilustra o artigo), para conter as manifestações foi levada a cabo recentemente.

Face a este situação, o considerado maior partido da oposição veio a público justificar a presença dos seus homens nas ruas de Nampula. Numa conferência de Imprensa em Maputo nesta terça-feira (06.03), Fernando Mazanga, porta-voz da Renamo, acusou abertamente o estado moçambicano de não respeitar compromissos assumidos: "O estado moçambicano não está a cumprir com o seu papel, foi prometido em Roma que um determinado número teria o estauto de polícia para guarnecer as instalações e quadros superiores da Renamo", recordou.

Mazanga lembra que o Acordo foi assinado em 1992, altura em que a Frelimo, o partido no poder, e a Renamo assinaram Acordo Geral de Paz em Roma. Recorde-se que o mesmo veio por fim a uma guerra civil de dezasseis anos que opôs as duas partes.

Renamo, embora armada, tranquiliza população

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Os residentes da cidade de Nampula estão aterrorizados com a presença dos ex-guerrilheiros da Renamo nas ruasFoto: Ismael Miquidade

Ainda segundo explicações de Fernando Mazanga, atualmente os homens da Renamo guarnecem as instalações e altos quadros, mas não recebem nada do estado, facto que desagrada o partido. Mas o porta-voz da Renamo tranquiliza a população: "Ninguém deve ficar alarmado com a presença dos homens da Renamo nas ruas. Eles são homens de paz".

Para Fernando Mazanga, não há motivos para alarme, embora diga que o seu partido não assumirá qualquer responsabilidade do que pode acontecer em Nampula. A Renamo diz que vai imputar responsabilidades ao partido no poder, aos SISE (Serviços de Informação e Segurança do Estado), e ao comandante em chefe das forças de defesa e segurança (o presidente moçambicano Armando Guebuza).

As ameaças veladas partido oposicionista vão mais longe, segundo palavras do seu porta-voz: "Os desmobilizados da Renamo estão fartos das provocações e do terror que a polícia cria nas imediações da delegação e por isso avisam desde já que não vão tolerar mais nenhuma provocação - e estão à altura de responder a qualquer provocação."

A esperança da polícia

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Sede da Frelimo na cidade de Nampula. A Renamo frequentemente acusa este partido de cometer irregularidadesFoto: Ismael Miquidade

A Renamo diz ainda ter indicações que o governo está a mobilizar mais polícias em todo o país para cercarem a Rua dos Sem Medo em Nampula. O porta-voz da Polícia de Moçambique nega essa informação, dizendo que não faz sentido: "Não há polícias movimentados de outras províncias porque em Nampula temos bastantes efetivos."

Por outro lado, as autoridades policiais têm esperanças de que a atual situação seja resolvida de forma pacífica: "Estamos a trabalhar e acreditamos que no bom senso e para o bem da segurança do país a própria Renamo entenderá que não está a agir bem, ao manter um cidadão sob carcére privado, porque não possui instrumentos legais que permitam tomar esse tipo de atitudes."

De lembrar que, segundo a imprensa moçambicana, um idoso de 65 anos de idade foi aprisionado na delegação do partido pelos homens da Renamo no último dia 08.03, por supostamente ser um espião do partido no poder.

A polícia moçambicana acusou ainda a Renamo de tentar incitar os seus homens a atacarem os ex-guerrilheiros amotinados na delegação do partido em Nampula, mas descartou a possibilidade de usar a força.

Autor: Ezequiel Mavota (Maputo)
Edição: Nádia Issufo/Renate Krieger