RENAMO e MDM de mãos dadas em Nampula
27 de março de 2018A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) procura formas de cooperar com o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o partido que detém a maioria na Assembleia Municipal de Nampula.
Dos 45 membros da assembleia, 24 são do MDM, 20 da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e um do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO). Por isso, a RENAMO precisa de ajuda para viabilizar o programa do edil Paulo Vahanle, eleito na eleição intercalar de 14 de março, em substituição de Mahamudo Amurane.
"Na nossa opinião, o bom senso do MDM vai falar mais alto", espera o deputado na Assembleia da República e mandatário nacional do maior partido da oposição em Moçambique, André Majibiri. "Tendo o próprio MDM apoiado a eleição de Vahanle em Nampula, não acreditamos que eles queiram inviabilizar o seu programa de governação".
Assessoria de Dhlakama
De acordo com Majibiri, para o cumprimento na íntegra do programa de governação de cinco meses, o novo edil será assessorado por Afonso Dhlakama, apesar de o líder da RENAMO residir na Serra da Gorongosa, em Sofala, muito distante de Nampula.
"Não estamos a dizer que Vahanle não tenha capacidade", sublinha o responsável. Mas "o manifesto [eleitoral] de Vahanle foi concebido com base na instrução da liderança do próprio presidente Afonso Dhlakama, daí que o presidente Dhlakama vai assessorar a governação, para evitar que o povo de Nampula seja defraudado."
MDM garante apoio "incondicional"
Entretanto, o MDM, através do delegado provincial em Nampula, Vasco Napua, garante que vai colaborar com o novo edil em tudo que for necessário.
"O apoio que o partido MDM deu ao candidato Paulo Vahanle foi incondicional, tal como dissemos [na campanha]. O MDM está disposto a servir os munícipes da cidade de Nampula", diz Napua.
"Nós temos a experiência dos cerca de 40 anos de governação da FRELIMO, em que nada mudou", acrescenta.
Bom para a democracia
O analista moçambicano Aunício da Silva entende que a cooperação entre a RENAMO e o MDM na gestão municipal revitaliza a democracia e é vantajosa não só para o povo, como também para o próprio MDM, que viu a sua governação interrompida na sequência do assassinato do autarca Amurane.
"É um procedimento excelente e uma questão de maturidade politica", comenta o académico e diretor-editorial do Jornal Ikweli.
"Saímos das politiquices e dos marasmos a que nos habituaram e que até acontecem na Assembleia da República, onde grandes projetos não são viabilizados porque vêm da oposição. Nampula vai sendo uma escola nessa perspetiva."
Paulo Vahanle, da RENAMO, venceu a segunda volta da eleição intercalar com 58% dos votos, enquanto o seu opositor, Amisse Cololo, candidato da Frelimo, obteve 41% dos votos. Neste momento, aguarda-se apenas a validação dos resultados por parte do Conselho Constitucional, ainda sem data marcada, para a tomada de posse do novo edil.