1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

RENAMO descarta encontro para breve com Governo moçambicano

Leonel Matias (Maputo) / Lusa6 de maio de 2016

Não há perspetiva de acontecer para já um encontro entre Dhlakama e Nyusi, diz a chefe da bancada parlamentar do maior partido da oposição moçambicana. Mas o Presidente português pode exercer influência a favor da paz.

https://p.dw.com/p/1Ij5x
Afonso Dhlakama (esq.), líder da RENAMO, encontrou-se com o Presidente Filipe Nyusi em fevereiro de 2015, em MaputoFoto: Getty Images/AFP/S. Costa

"Havendo mediação internacional poderemos depois resolver os problemas de fundo que são a questão das Forças Armadas, que neste momento são partidarizadas", afirmou a chefe da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), à margem de uma deslocação ao Parlamento, em Maputo, do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, no quadro da visita de Estado de quatro dias que realiza até sábado (07.05) a Moçambique.

Para Ivone Soares, também é preciso encontrar uma solução para a questão da democracia, que diz não existir em Moçambique. "Porque há esquadrões da morte que diariamente têm estado a matar os nossos colegas a todos os níveis", sublinha.

Neste momento, não se fala de um eventual encontro entre o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama, e o Presidente Filipe Nyusi, revelou ainda a chefe da bancada parlamentar do principal partido da oposição. "Não há condições para se falar de diálogo ao mais alto nível quando não foram ainda acauteladas questões de base que têm que ver com a forma como este diálogo vai acontecer", nomeadamente que a aceitação pelo governo da mediação internacional, acrescentou.

Mosambik Parteien Ivone Soares von RENAMO
Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da RENAMOFoto: RENAMO

Tanto Filipe Nyusi como Afonso Dhakama têm manifestado disponibilidade para o diálogo, mas segundo Ivone Soares o Governo ainda não respondeu à exigência da RENAMO que condiciona a sua realização a mediação pela União Europeia (UE), o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e a Igreja Católica.

Já a chefe da bancada da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Margarida Talapa, reiterou o apelo de Nyusi ao diálogo com Dhlakama sem pré-condições."Queremos é que ele sente com o Presidente e se discuta os problemas nacionais", sublinhou, defendendo que primeiro é preciso debater a questão entre moçambicanos. "Nós é que somos os donos do país".

Margarida Talapa acusou a RENAMO de participar nas sessões do Parlamento durante o dia e mais tarde levar a cabo ataques, promover a violência e criar instabilidade para inviabilizar a governação.

Democracia constrói-se diariamente

Durante a visita ao Parlamento, o chefe de Estado português sublinhou que a democracia constrói-se todos os dias e não é tarefa fácil. "A pior das democracias é sempre melhor do que a melhor das ditaduras. Todos os dias deve-se lutar para não haver a tentação de regressar à violência, a guerra, a divisão, a ditadura", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa disse acreditar que, apesar de todos os sobressaltos, há uma ideia clara em Moçambique da necessidade de afirmar a paz, garantir a unidade do Estado, respeitar o pluralismo político, respeitar os direitos humanos, garantir o rigor financeiro e olhar para os objetivos sociais.

Mosambik Marcelo Rebelo de Sousa und Filipe Nyusi
Visita do Presidente português (dir.) a Moçambique tem sido dominada por apelos à paz no paísFoto: picture alliance/Photoshot/M. Vombe

Num jantar em sua honra na quarta-feira (04.05), o chefe de Estado condenou o uso da violência defendendo a pluralidade de opiniões dentro do respeito pela Constituição e pelas leis em vigor e com o recurso ao Parlamento e a comunicação social. "Em qualquer Estado democrático espera-se que as forças político partidárias se exprimam livremente, mas não pela força das armas".

A Presidente do Parlamento mocambicano, Verónica Macamo, disse no final do encontro com o Presidente de Portugal que o seu órgão se esforça para que a paz seja efetiva no país. "Temos a certeza que no que tange à paz o diálogo continuará a ser o veículo fundamental, porque não faz sentido que haja mortes, sofrimento e destruição de bens", salientou.

Chave de Maputo

Na reta final da sua visita de Estado de quatro dias a Moçambique, Marcelo Rebelo de Sousa tem ainda agendados para esta sexta-feira (06.05) vários encontros com atores políticos.

[No title]

O Presidente português recebeu já a chave da cidade de Maputo, que também tinha sido entregue há quase meio século ao seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, governador de Moçambique no período colonial, no mesmo salão nobre do atual Conselho Municipal.

Aquilo que une Portugal e Moçambique "ultrapassa regimes", sublinhou o chefe de Estado. Muitos não compreendem "a amizade fraterna" entre Portugal e Moçambique, mas ela "é o retrato daquilo que existe entre os dois países e que ultrapassa regimes, tipos de estado e as situações mais diversas, políticas, económicas e sociais", afirmou Rebelo de Sousa.

Saltar a secção Mais sobre este tema