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RENAMO: "Chave de Maputo não pode ficar nas mãos de Sissoco"

18 de junho de 2024

Atribuição da chave da cidade de Maputo ao Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, está a ser contestada pelo maior partido da oposição moçambicana.

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Vista parcial de Maputo
Vista parcial de MaputoFoto: picture-alliance/dpa

Em entrevista à DW África, o porta-voz da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na Assembleia Municipal de Maputo diz que recebeu o convite para a cerimónia de entrega da chave da cidade ao Presidente da Guiné-Bissau mesmo antes da votação da resolução a respeito em sessão plenária.

Segundo Marcial Macome, a RENAMO apresenta "o seu total repúdio" à atribuição da homenagem a Umaro Sissoco Embaló por condenar "qualquer tentativa que configure um atentado à democracia".

DW África: Porque é que a RENAMO contesta esta visita de Sissoco Embaló a Maputo?

Marcial Macome (MM): Nós, como bancada da RENAMO na Assembleia Municipal, vemos isto com a maior preocupação, porque entendemos que os pilares da democracia devem prevalecer às instituições – não podem ser substituídos por indivíduos. E nós como RENAMO nos distanciamos e condenamos qualquer tentativa que configure um atentado à democracia e a um Estado de Direito democrático.

Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló
O Presidente guineense Umaro Sissoco Embaló chega a Moçambique esta quarta-feira (19.06)Foto: Afolabi Sotunde/REUTERS

DW África: A RENAMO foi convidada a participar na cerimónia de entrega da chave da cidade de Maputo ao Presidente da Guiné-Bissau?

MM: Surpreendentemente, recebemos da Assembleia Municipal uma convocatória para uma sessão extraordinária com um único ponto de agenda, que visa aprovar uma resolução que confere ao senhor Sissoco a chave da cidade de Maputo.

Surpreendeu-nos igualmente que, ainda antes de termos essa sessão para discutir este evento, tenhamos recebido um convite da própria presidente da Assembleia para um evento com vista à entrega da chave da cidade, antes da resolução que aprova tal feito ser debatida.

Quer dizer, o comportamento do Sissoco no seu país está sendo transferido diretamente para o nosso país e para a nossa cidade, o que nos preocupa bastante porque a substituição das instituições, para nós, é um atentado. E se estamos aqui neste momento a dizer que haverá uma entrega oficial da chave da cidade ao senhor Sissoco, sem antes ouvir qual é o sentimento dos munícipes através da Assembleia Municipal, estamos a desrespeitar completamente os órgãos.

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DW África: O que é que a RENAMO vai fazer?

MM: A RENAMO vai apresentar o seu total repúdio à atribuição deste título a Sissoco porque, no nosso entender, não merece tal título – principalmente pelo desrespeito aos pilares da democracia, do Estado de Direito, e igualmente por perceber que não tem nenhuma relevância do ponto de vista de agregar valores para a cidade de Maputo.

A chave da cidade de Maputo não pode ficar nas mãos de figuras como Sissoco que são condenadas internacionalmente por substituir instituições do Estado.

DW África: Se for convidada a participar na cerimónia de entrega da chave, a RENAMO se fará representar?

MM: Não concordando com a atribuição desta chave, igualmente não fará sentido para nós, como RENAMO, fazermo-nos presentes numa cerimónia da qual discordamos. Não nos iremos fazer presentes nesta cerimónia da entrega da chave. Faremo-nos presentes na sessão para tentar persuadir a todos os membros de todas as bancadas a refletirem, para os chamarmos ao bom-senso, para perceberem que nós não somos uma assembleia isolada do mundo.

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Braima Darame Jornalista da DW África
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