Registo eleitoral não começa para todos em Angola
22 de setembro de 2021O Ministério da Administração do Território deverá instalar 590 pontos para o registo eleitoral dos cidadãos, os chamados Balcões Únicos de Atendimento Público (BUAP).
O plano é espalhar os BUAP por 164 municípios nas 18 províncias do país, mas estima-se, entretanto, que somente em novembro os balcões de registo eleitoral chegarão em todas as zonas do país, tal como avançou o ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, numa entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA).
"Será iniciada quinta-feira com 84 balcões de atendimento ao Público à escala nacional, em outubro serão lançados mais 256 BUAP e em novembro mais 256", explicou.
Somente a partir de janeiro do próximo ano os eleitores residentes no exterior poderão fazer o seu registo. A aparente demora na chegada dos balcões em algumas áreas do país está a gerar dúvidas entre políticos e ativistas angolanos. O gradualismo do processo que está a dividir opiniões.
"Falta de preparação”
Nos seis municípios da província do Bengo, por exemplo, a primeira fase do registo eleitoral tem lugar apenas no Dande e Ambriz. O secretário-provincial para Assuntos Eleitorais da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Elizário de Oliveira, entende o arranque faseado como falta de preparação.
"Esse modelo adotado mostra que o governo não está ainda preparado para atender o registo eleitoral em todo o território nacional porque em anos anteriores não houve essa necessidade do registo ser feito de forma faseada”, diz.
Os políticos dizem estar prontos para mobilizar os potenciais eleitores a fazerem o registo. O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), por meio do seu porta-voz no Bengo, Arlindo Paulo, acredita no processo planeado pelo ministério.
"Estamos em crer que o processo vai abranger os seis municípios da nossa província e, nessa altura, queremos apenas encorajar a organização do processo para poder cumprir com os prazos”, diz.
Necessidade de acautelar questões técnicas
Pegando em situações anteriores, o sindicalista e analista Admar Jinguma também manifesta preocupação.
"Eu tenho, por exemplo, um parente próximo que se registou aqui no Bengo e foi até para o Cuando Cubango e, depois, na hora ninguém resolveu isso. É importante que as questões técnicas fossem bem acauteladas de maneira que não tenhamos um processo atabalhoado como aconteceu aqui no país", salienta.
O Ministério da Administração do Território espera que cerca de 12 milhões de cidadãos estejam registados até março de 2022.