Reeleição de João Lourenço: O que mudou um ano depois?
24 de agosto de 2023João Lourenço foi reeleito para um segundo mandato presidencial de cinco anos há um ano, com a vitória do MPLA nas eleições gerais de 24 de agosto de 2022.
Para o economista Carlos Rosado o último ano foi "negativo" para o país e acredita que os angolanos devem estar preparados para apertar ainda mais o cinto.
"Acredito que as coisas ainda vão piorar antes de melhorar", salienta.
Em entrevista à DW, o economista destaca ainda o "mau desempenho" económico de Angola na "era João Lourenço" que, "em muito pouco tempo" passou "do céu ao inferno".
"Houve uma forte depreciação do Kwanza, temos também a inflação a acelerar e isto contrasta muito com a situação que tínhamos nas eleições durante a campanha e a pré- campanha eleitoral."
Carlos Rosado afirma ainda que o MPLA apresentou um programa eleitoralista que visava apenas reeleger o João Lourenço, mas que não correspondia à realidade dos angolanos, que estão agora a pagar uma fatura cara.
"O Governo valorizou artificialmente o kwanza, criou a Reserva Estratégica Alimentar para importar e, portanto, foram medidas muito eleitoralistas e que estão de alguma maneira na origem daquilo que está a acontecer agora", reforça.
"Descalabro social"
No entanto, o economista diz "não ter ilusões" e não acredita que com "a simples saída do Presidente João Lourenço as coisas iam melhorar".
Já para Dito Dalí, o balanço da governação de João Lourenço é tão negativo que a única solução é a sua destituição.
O ativista angolano traça um cenário de "descalabro social": "Há extrema pobreza, a fome aumentou, muita gente a acorrer aos contentores de lixo à procura de restos de comida. O desemprego aumentou num país onde o poder de compra do cidadão continua lá em baixo. Na verdade, não sabemos por que é que João Lourenço entendeu recandidatar-se quando sabe que não tem políticas alternativas que possam resolver o problema de Angola."
Dito Dalí diz que a "situação está mesmo caótica" e que "os angolanos estão a viver uma vida extremamente difícil".
"Há falta de medicamento nos hospitais, este ano muitas crianças estarão fora da sala de aulas. Não há material escolar, temos problemas de saneamento básico, falta de médicos e especialistas nos hospitais", complementa.
O ativista é um dos subscritores de uma petição pública lançada recentemente em Angola e que pede a destituição do Presidente João Lourenço. O grupo exige que a petição pública seja discutida no Parlamento. Caso contrário, ameaça sair às ruas numa mega manifestação em Angola e na diáspora.