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"Recados" sobre a NATO no Conselho de Munique

Lusa | mjp
18 de fevereiro de 2017

EUA sublinham compromisso com Aliança Atlântica, mas pedem maior contributo dos parceiros europeus. Alemanha diz que cooperação é essencial. Rússia pede ordem “pós-Ocidente”.

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Deutschland Münchener Sicherheitskonferenz
Hotel Bayerischer Hof recebe a 53ª Conferência de Segurança de MuniqueFoto: Getty Images/AFP/T. Kienzle

O vice-presidente norte-americano Mike Pence insistiu este sábado (18.02) que o compromisso dos Estados Unidos com a NATO é "inquebrável", num discurso destinado aos países aliados preocupados com algumas propostas do Presidente Donald Trump.

"O Presidente pediu-me para transmitir a mensagem de que os Estados Unidos apoiam fortemente a NATO e que seremos firmes no nosso compromisso com a Aliança Atlântica", afirmou Pence na Conferência Internacional da Segurança que decorre até domingo em Munique, na Alemanha. A 53.ª edição do encontro junta na cidade alemã até domingo os Chefes de Estado e de Governo, ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa para debater desafios críticos de segurança. 

Recentemente, Donald Trump classificou a NATO como uma organização "obsoleta". No seu discurso, de quase 20 minutos, Pence assegurou por diversas vezes que estava a falar em nome do Presidente Trump, garantiu que o seu país será sempre "um grande aliado" da Aliança Atlântica e insistiu em valores como "democracia, justiça e Estado de Direito". 

Deutschland Münchner Sicherheitskonferenz 2017
Vice-Presidente norte-americano, Mike PenceFoto: Reuters/M. Dalder

Porém, o vice-presidente norte-americano reiterou as exigências dos EUA para que haja um maior compromisso financeiro por parte dos seus parceiros europeus da NATO. "O presidente Trump espera que seus aliados mantenham a sua palavra. Chegou a hora de fazer mais em matéria de partilha de despesas militares", reiterou. "Nós faremos todos os esforços (...). A Alemanha conhece bem as suas responsabilidades", assegurou Pence.

NATO também é crucial para Washington, diz Merkel

Por sua vez, a chanceler alemã, Angela Merkel, apelou aos Estados Unidos para que apoiem e tornem mais fortes organizações como a União Europeia, as Nações Unidas e a NATO.  Merkel, que discursava na conferência de Segurança de Munique, defendeu que "agir em conjunto fortalece todos os países".

"Será que vamos ser capazes de continuar a trabalhar bem juntos, ou vamos todos assumir papéis individuais", questionou Merkel, acrescentando que espera que os países aliados da NATO encontrem posições comuns. "Vamos juntos fazer um mundo melhor porque assim tudo fica mais fácil para cada um de nós", acrescentou.

Deutschland Münchner Sicherheitskonferenz 2017
Chanceler alemã, Angela MerkelFoto: Reuters/M. Dalder

No discurso, Merkel garantiu que a Alemanha está comprometida com o objetivo da NATO de contribuir com dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para a defesa, em vez dos atuais 1,3%. "Faremos tudo o que pudermos para cumprir este compromisso, mas acredito que a NATO, apesar de ter muito interesse para a Europa, também tem para os Estados Unidos. É uma aliança muito forte onde estamos unidos", frisou.

A chanceler prometeu ainda continuar a trabalhar para melhorar as relações com a Rússia, enfatizando a necessidade de manter o acordo de Minsk (Bielorrússia) para que acabem os combates no leste da Ucrânia entre forças governamentais e separatistas pró-russos.

Apelos de Moscovo

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, pediu este sábado (18.01) o fim da ordem mundial dominada pelo Ocidente e afirmou que Moscovo pretende estabelecer uma relação "pragmática" com os EUA.

Lavrov falava no Conselho de Segurança de Munique, pouco depois de o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, ter afirmado que Washington permanece "firme" no seu compromisso com a aliança militar da NATO liderada pelos EUA, perante uma Rússia mais assertiva.

Münchner Sicherheitskonferenz 2017 | Sergej Lawrow, Außenminister Russland
Chefe da diplomacia russa, Sergei LavrovFoto: Reuters/M. Rehle

Considerando que a NATO é uma relíquia da guerra fria, o governante russo afirmou: "Espero que [o mundo] venha a escolher uma ordem mundial democrática - uma ordem pós-Ocidente - em que cada país é definido pela sua própria soberania". Moscovo pretende construir relações com Washington que seriam "pragmáticas com mútuo respeito e conhecimento da nossa responsabilidade pela estabilidade global", acrescentou Lavrov.

 

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