RDC: Tshisekedi deve tomar posse na quinta-feira
22 de janeiro de 2019"O juramento do novo Presidente está previsto para esta semana, porém a data ainda não foi revelada.Pode acontecer tanto na quinta-feira, como na sexta-feira", disse à Efe a responsável pelo Protocolo do Estado, Lydie Omanga, encarregue da organização da tomada de posse.
O partido do Presidente eleito, a União para a Democracia e Progresso Social (UDPS), espera que o seu candidato seja empossado na quinta-feira (24.01). Uma cerimónia que deverá marcar a primeira transição de poder pacífica na RDC desde que o país conquistou a independência da Bélgica, em 1960.
Felix Tshisekedi, filho do histórico líder da oposição Étienne Tshisekedi, foi anunciado pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) como o vencedor das eleições do passado dia 30 de dezembro, com 38,57% dos votos.
Os resultados foram contestados pelo segundo mais votado, o também opositor Martin Fayulu, que obteve 34,86%. A Igreja Católica da RDC garante que os dados recolhidos pelos 40 mil observadores eleitorais que teve no terreno não correspondem aos divulgados pela comissão eleitoral.
Cresce apoio internacional
Felix Tshisekedi já recebeu uma série de felicitações de diversos líderes africanos, um sinal crescente de que a sua vitória eleitoral não será questionada internacionalmente.
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, deu os parabéns a Tshisekedi na segunda-feira e "convocou todos os partidos e todas as partes interessadas na RDC a respeitar a decisão do Tribunal Constitucional", que no fim de semana confirmou a eleição de Tshisekedi.
Os presidentes do Quénia, da Tanzânia e do Burundi também felicitaram o Presidente eleito numa série de manifestações nas redes sociais no domingo, ecoando a posição da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que também apelou a uma transição de poder pacífica, recuando de pedidos anteriores de uma recontagem dos votos.
Na segunda-feira (21.01), a polícia dispersou uma manifestação em Kinshasa de dezenas de apoiantes do candidato da oposição Martin Fayulu, que contesta a vitória de Tshisekedi.
Desafios do novo Presidente
Apesar da tensão, a maioria dos congoleses parece feliz com a confirmação de Tshikedi, uma vez que os seus principais receios foram dissipados, avalia Israel Mutala, analista e editor chefe do site de notícias online 7sur7. "Acima de tudo, o povo congolês temia um terceiro mandato do chefe de Estado. Outro temor era que Emmanuel Ramazani Shadary vencesse nas urnas."
Felix Tshisekedi, de 55 anos, sucede a Joseph Kabila, impedido pela Constituição congolesa de concorrer a um terceiro mandato. Para muitos congoleses, o novo Presidente enfrentará muitos desafios. Serge Nosso, um jovem professor, espera que o novo chefe de Estado cumpra as promessas da campanha: "Durante a campanha, Felix Tshisekedi prometeu-nos, em primeiro lugar, restaurar o Estado de direito e pôr fim à impunidade. E os congoleses precisam de boas condições sociais."
O outro assunto que preocupa os congoleses é o adiamento, pela União Africana (UA), da viagem oficial de uma alta delegação de chefes de Estado liderada pelo presidente ruandês, Paul Kagame, que atualmente ocupa a presidência da organização.
A insistência de Kagame por democracia e transparência na RDC, depois de ter mudado a Constituição do seu próprio país para permanecer no poder, não agradou aos congoleses. Noah, um jovem desempregado, diz que o Presidente ruandês não tem nenhuma lição a dar ao Congo. "Não temos nada contra os ruandeses, mas ele é um ditador", sublinha.