Rússia bloqueia pedido na ONU para investigação no Mali
9 de abril de 2022A Rússia bloqueou um pedido do Conselho de Segurança da ONU de "investigações independentes" sobre um alegado massacre de centenas de civis em Moura, Mali, pelo exército deste país e por paramilitares russos, informaram este sábado (09.04) fontes diplomáticas.
O pedido constava de um comunicado elaborado pela França e que foi submetido à aprovação do Conselho de Segurança, na sexta-feira.
Apoiada pela China, a Rússia bloqueou a declaração francesa, de acordo com várias fontes diplomáticas ouvidas pela agência France Presse. Moscovo e Pequim "não viram a necessidade" do texto, considerando-o "prematuro", quando uma investigação foi aberta pelas autoridades do Mali.
Na sexta-feira, num comunicado, o ministério russo dos Negócios Estrangeiros felicitou o Mali por uma "importante vitória" contra o "terrorismo", descrevendo como "desinformação" as alegações do massacre de civis pelas forças malianas, e rejeitando a hipótese do envolvimento de mercenários russos da empresa privada Wagner.
"Profunda preocupação" com violações dos direitos humanos
A declaração proposta ao Conselho de Segurança sublinhava a "profunda preocupação" dos seus membros "com as alegações de violações e abusos dos direitos humanos no Mali, em particular os alegadamente perpetrados contra civis em Moura, na região de Mopti, entre 27 e 31 de março de 2022".
O texto pedia ainda a "todas as partes (...) que ponham de imediato fim a essas violações e abusos, cumprindo as suas obrigações sob o direito internacional aplicável".
O documento, entretanto rejeitado pela Rússia, também solicitava "investigações aprofundadas e independentes para estabelecer os factos, encontrar os responsáveis pelas violações e abusos e levá-los à justiça".
Na sexta-feira, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, questionou a versão das autoridades malianas sobre os acontecimentos de Moura e pediu uma "investigação das Nações Unidas".
Num recente relatório, a organização Human Rights Watch relatou a execução sumária de 300 civis por soldados malianos associados a mercenários estrangeiros entre 27 e 31 de março, em Moura.
As autoridades malianas alegam, por sua vez, terem "neutralizado" 203 'jihadistas' nesta localidade do centro do Mali, onde a ONU há mais de uma semana que pede autorização para fazer investigações no terreno, ao abrigo do mandato definido pelo Conselho de Segurança.