Quénia: Oposição queixa-se de repressão
8 de fevereiro de 2018O país ainda vive uma certa tensão política. E é neste contexto que o Presidente Uhuro Kenyatta, durante uma visita a Kajiado, nas imediações de Nairobi, fez o apelo: "Seja qual for a forma como olharmos para isto, as eleições já terminaram. As pessoas do Quénia já escolheram os seus líderes. Eles agora esperam que vocês, os seus líderes, não se distraiam com jogos ou espectáculos e que foquem os seus esforços na construção da nação”.
No mês passado, o líder da oposição Raila Odinga declarou-se "presidente do povo", em protesto contra a reeleição de Kenyatta no ano passado. A cerimónia reuniu dezenas de milhares de apoiantes na capital, Nairobi. Para Raila Odinga, o sufrágio foi "manipulado”.
A resposta do Governo foi imediata: considerou a Super Aliança Nacional uma organização terrorista e abriu vários processos contra figuras presentes na cerimónia por suspeita de conspiração.
Foi o caso de Miguna Miguna, um membro da oposição, que foi detido e entretanto deportado por assistir à cerimónia de tomada de posse de Raila Odinga como líder do povo. Miguna Miguna foi ainda acusado de traição à pátria.
Opositor obrigado a sair do país
Num comunicado, o opositor declara que o Governo em Nairobi é déspota e ilegal e informa que foi obrigado a embarcar num voo noturno da KLM em direção a Amsterdão. Daí seguiu depois para o Canadá, onde em 1987 já tinha recebido asilo político.
Aos jornalistas, o advogado John Khamingwa garante que Miguna Miguna deverá voltar ao país de forma livre.
"Tudo indica que o tribunal será firme e o nosso cliente regressará ao país. Ele pertence aqui, ele não é do Canadá. A sua família está aqui, as suas raízes estão neste país e não no Canadá. O que aconteceu é uma situação deplorável e desprezível", considerou o advogado.
Uhuro Kenyatta é considerado inimigo
Recorde-se que no início deste mês, Miguna Miguna deu uma conferência de imprensa em que voltou a acusar Uhuro Kenyatta de usurpar o poder: "Nós não queremos mais nada que não seja o poder. O nosso poder que estes déspotas nos tiraram à força. Nós somos o povo e ninguém vai ditar o que quer que seja sobre nós. Qualquer pessoa que empunhar um retrato de Uhuro Kenyatta é um inimigo para nós. Considerá-lo-emos um membro da junta, dos ilegítimos usurpadores de poder”.
A principal coligação da oposição, a Super Aliança Nacional, continua a argumentar que Odinga ganhou as presidenciais de agosto de 2017 - impugnadas com êxito no Supremo Tribunal.
Este partido da oposição considera que o seu candidato obteve 8,1 milhões de votos, mais do que os 7,8 milhões do Presidente. No entanto, a coligação boicotou a repetição das eleições, em outubro de 2017. A abstenção dos votantes fez com que Kenyatta, em funções desde 2013, ganhasse com 98% dos votos.