Quem é Rutte, o político que vai assumir as rédeas da NATO?
26 de junho de 2024O anúncio da nomeação de Mark Rutte, de 57 anos, como o próximo secretário-geral da NATO foi feito nesta quarta-feira (26.06), depois de uma reunião entre os membros da organização. Rutte deverá iniciar funções no dia 01 de outubro.
Na rede social X, o secretário-geral cessante, Jens Stoltenberg, saudou "calorosamente a escolha dos aliados da NATO" para o seu sucessor.
"O Mark é um verdadeiro transatlântico, um líder forte, um criador de consensos", acrescentou.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também felicitou Rutte pela eleição como secretário-geral da NATO, garantindo que a Ucrânia continuará a trabalhar afincadamente "pela liberdade" na "comunidade euro-atlântica".
A nomeação de Rutte já era esperada, pois ele era o único candidato ao cargo, após a desistência do Presidente da Roménia, Klaus Iohannis, e os 32 Estados-membros da NATO tinham anunciado o apoio à sua candidatura.
Quem é Mark Rutte?
Filho do empresário Izaäk Rutte, que trabalhou no território da Indonésia durante o período colonial neerlandês, quando jovem, Mark Rutte queria ser pianista. Ponderou frequentar um conservatório, mas acabou por estudar História na Universidade de Leiden, no sul dos Países Baixos. Concluiu o curso em 1992.
Foi na universidade que entrou na vida política, como parte da direção da juventude partidária do Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VDD), onde consolidou a carreira.
Durante décadas na política dos Países Baixos, assumiu vários cargos governativos até regressar, em 2010, à vida parlamentar. No mesmo ano, o partido de Mark Rutte, o VDD, venceu as legislativas. Rutte cumpriu quatro mandatos consecutivos como primeiro-ministro.
Na União Europeia, demonstrou capacidade para consensos como negociador das posições liberais; participou inclusive na conceção da proposta que inclui o ex-primeiro-ministro português António Costa para presidente do próximo Conselho Europeu.
Quais os principais desafios de Rutte?
O seu currículo não tem passagens pelo Ministério da Defesa ou ligações à área da segurança, e no contexto da guerra na Ucrânia, isso pode ser um grande desafio.
A questão do apoio militar da NATO à Ucrânia, a adesão de Kiev à aliança e ameaça de Moscovo são dossiers que estarão no topo da secretária de Rutte, quando iniciar funções em outubro. Outro tema que agita os aliados e Rutte não deverá ignorar são os gastos dos Estados-membros com a defesa - até agora, só 23 dos 32 aliados respeitam o compromisso de investir 2% do PIB no setor. Uma possível vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas deste ano poderá agitar as águas na NATO - enquanto Presidente, Trump insistiu sempre na necessidade de respeitar a quota de 2%.
O que diz a Rússia?
O Kremlin afirmou, nesta quarta-feira, que a nomeação do primeiro-ministro dos Países Baixos como próximo secretário-geral da NATO não deverá trazer mudanças na política da aliança, que - segundo declarou - busca reprimir a Rússia estrategicamente.
"É pouco provável que esta nomeação [de Rutte] consiga mudar alguma coisa na linha geral da NATO e dos membros da Aliança Atlântica", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov.
"Neste momento, para nós é uma aliança inimiga", realçou