Quénia: Governo anuncia renovação de recolher obrigatório
7 de junho de 2020O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, anunciou, este sábado (06.07), que o recolher obrigatório, em vigor desde 27 de março em todo o país, será renovado por mais 30 dias, ainda que com uma redução no número de horas .
"[O recolher obrigatório passa a cumprir-se das 21h às 4h em vez das 19h às 5h para permitir aos quenianos desfrutar de dias úteis completos", disse o Presidente, num discurso dirigido à nação.
O Chefe de Estado disse ainda que apesar de estar também ansioso por relançar a economia do país, o Quénia não está preparado para lidar com as consequências para a saúde que uma flexibilização das restrições poderia acarretar.
Assim, e para desilusão de grande parte da população, as duas maiores cidades económicas do país, Náirobi e Mombaça, assim como Mandera, vão continuar em isolamento por mais 30 dias.
Os voos internacionais e domésticos continuam suspensos, assim como a ida à escola. No entanto, espera-se que as escolas reabram a 1 de setembro, disse Kenyatta.
O Quénia, que registou o seu primeiro caso a 13 de março, conta atualmente com 2.600 casos positivos de coronavírus e registou já 83 mortes.
Violência policial
O Quénia tem sido um dos países africanos mais criticados por causa das medidas que o governo adotou para conter a propagação do coronavírus. Tem sido também alvo de críticas por parte de organizações dos direitos humanos que falam em espancamentos durante o período do recolher obrigatório.
Um relatório publicado pela Autoridade Independente de Controlo da Polícia (IPOA, na sigla em inglês), esta sexta-feira (05.06), dá conta de que a polícia queniana esteve envolvida na morte de 15 pessoas desde a implmentação do recolher obrigatório no país.
"Depois de inquéritos preliminares, 15 mortos e 31 incidentes que provocaram feridos foram ligados diretamente a ações de agentes da polícia no quadro da manutenção do recolher obrigatório", lê-se no documento a que a AFP teve acesso.
A IPOA detalhou que recebeu 87 queixas contra a polícia desde a instauração do recolher obrigatório, em 27 de março.
Também a Human Right Watch já havia denunciado, em abril, que a imposição do recolher obrigatório na sequência da pandemia estava a ser imposta de "uma forma caótica e violenta desde o início".