PRS pede soluções para garimpeiros sem emprego nas Lundas
23 de outubro de 2019O líder do PRS, Benedito Daniel, alerta que a população das Lundas enfrenta dificuldades. A região é rica em diamantes, mas a maioria dos residentes não beneficia dos recursos.
"Não há emprego. As minas estão junto às aldeias, mas lamentavelmente não empregam os filhos dos residentes. As empresas preferem procurar a mão de obra barata que vem de outras áreas", disse esta terça-feira (22.10), em conferência de imprensa, em Luanda.
Segundo Benedito Daniel, a falta de emprego piorou com a entrada em vigor, no ano passado, das operações "Resgate" e "Transparência", levadas a cabo pelo Governo de Luanda.
As operações têm como objetivo repor a autoridade do Estado, combatendo, por exemplo, a imigração ilegal e a exploração ilícita de diamantes.
O líder da terceira maior força política da oposição angolana louva a iniciativa governamental, mas lembra ao Executivo que só esse combate não chega: "Se nós estamos a proibir alguém que não garimpe, então temos que lhe dar emprego em alguma parte: agricultura, minas. Infelizmente, isso não acontece."
Lundas deixadas para trás
As denúncias dos renovadores sociais não ficam por aqui. Segundo o líder do PRS, "Angola anda a duas velocidades", e as Lundas têm ficado para trás. Benedito Daniel diz que falta assistência médica e medicamentosa na região - por exemplo, hospitais materno-infantis.
"[As mulheres grávidas] socorrem-se da vizinha República Democrática do Congo (RDC) e, nestas movimentações, infelizmente, por causa das más condições das estradas, nem sempre chegam ao destino", lamenta.
O político questiona também a fraca rede de estradas na região diamantífera. A estrada nacional 230 que liga o norte do país ao leste "não existe" e "é um calvário autêntico", afirma Benedito Daniel. Contraria assim os dados apresentados pelo Presidente João Lourenço no discurso sobre o Estado da Nação, há uma semana.
Segundo o Censo de 2014, em Angola, mais de dez milhões de pessoas não têm documentos de identificação. E as Lundas não são exceção. Na região, "os cidadãos nacionais são confundidos com os estrangeiros", diz Benedito Daniel.
A DW África contactou o Governo da Lunda Norte e o Governo central sobre as denúncias do PRS, mas não obteve resposta.