Protestos na Argélia: "Estamos cansados" de Bouteflika
6 de março de 2019São já considerados os maiores protestos desde a chamada "Primavera Árabe" de 2011. Milhares de jovens argelinos têm-se reunido, nos últimos dias, em várias cidades do país, incluindo em Argel, Constantine, Annaba e Blida, para impedir um quinto mandato de Abdelaziz Bouteflika.
Os jovens clamam por uma nova geração de líderes, com mão firme para combater a corrupção e trabalhar num futuro melhor para o país.
"Estamos cansados, as pessoas estão cansadas", afirmou uma manifestante. "A maioria de nós nunca conheceu outro Presidente [a não ser Bouteflika]. É hora de mudar."
Face à onda de protestos, o chefe do Estado-Maior do Exército avisou esta terça-feira (05.03) que não permitirá um colapso na segurança do país. Mas os jovens à frente da organização das manifestações garantem que querem alcançar mudanças no país de forma pacífica.
"Não pedimos uma mudança parcial, mas uma mudança radical! Rápida e pacífica", afirmou outro manifestante. "Todos concordamos que não vamos usar qualquer tipo de violência. Esta é uma marcha pacífica. Queremos mostrar a todos que somos maduros o suficiente para defender os nossos direitos e expressar o nosso descontentamento de forma civilizada!"
Bouteflika promete sair, um ano após eleições
A recandidatura do Presidente Abdelaziz Bouteflika, 82 anos, a mais um mandato foi confirmada, no domingo (03.03), na televisão estatal, através de uma carta, lida pelo diretor da sua campanha.
No entanto, e em resposta aos protestos no país, Bouteflika prometeu que, caso seja eleito, deixará a Presidência no espaço de um ano e convocará uma "conferência nacional" para organizar eleições antecipadas.
Mas estas promessas que não convencem nem os estudantes, que voltaram a sair às ruas, nem a oposição.
Num comunicado conjunto enviado à imprensa, os principais partidos da oposição pedem que Bouteflika seja declarado inelegível para as próximas eleições por causa do seu estado de saúde débil. O Presidente argelino está hospitalizado há uma semana na Suíça, sem que tenha sido divulgada a sua data de regresso à Argélia. A oposição pede também o adiamento das eleições presidenciais, marcadas para 18 de abril.