Prisão é incendiada em protestos na Nigéria
23 de outubro de 2020Uma das principais prisões da Nigéria foi incendiada esta quinta-feira (22.10) como parte de protestos crescentes contra a violência policial no país. Vídeos publicados nas redes sociais mostram nuvens de fumo a subir do Centro Correcional de Ikoyi em Lagos.
O morador do bairro de Ikoyi, Tunde Oguntola, disse à agência de notícias dpa que ouviu vários tiros quando soldados e polícias entraram na cadeia e meios de comunicação locais noticiaram que prisioneiros foram mortos. O porta-voz da polícia, no entanto, não confirmou quaisquer mortes.
O incêndio da prisão é mais um episódio violento na sequência dos protestos contra a violência e a corrupção policial na Nigéria. A população da maior cidade do país, Lagos, vive um ambiente de repressão e incerteza.
Tolerância zero
Num pronunciamento a nação, o Presidente Muhammadu Buhari apelou aos manifestantes para que parassem os protestos: "A tua voz foi ouvida em alto e bom som", disse ele num discurso à nação na noite de quinta-feira. Buhari avisou os manifestantes para não se deixarem instrumentalizar por "elementos subversivos".
O Presidente disse que "sob nenhuma circunstância serão tolerados" atos que ameacem a segurança nacional, a lei e a ordem. Buhari não mencionou, no entanto, a violência das forças de segurança contra os manifestantes.
Testemunhas e organizações de direitos humanos dizem que pelo menos 12 pessoas foram mortas em Lagos na terça-feira (20.10), mesmo que o governo nigeriano assuma que ninguém foi morto a tiro e o exército chame as reportagens de "notícias falsas". A Amnistia Internacional disse que cerca de 56 pessoas foram mortas em todo o país desde que os protestos começaram, há cerca de duas semanas.
O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, apelou ao governo e aos manifestantes para que iniciem um diálogo a fim de frear a escalada da violência e definir "reformas concretas e duradouras".
Os protestos foram motivados pela ação de um destacamento de polícia com ações abusivas denominado Brigada Especial Anti-Roubo (SARS). O governo decidiu a 11 de outubro dissolver a SARS, mas os manifestantes continuam a apelar a reformas mais amplas.